Amedeo Modigliani

Amedeo Modigliani
   

Amedeo Clemente Modigliani nasceu no dia 12 de junho de 1884, na cidade de Livorno, Itália. O pai de Amedeo, Flamínio, era negociante e perdeu todos os bens no ano em que o garoto nasceu. A falência de Flamínio forçou-o a muitas viagens, deixando a mãe, Eugênia, a responsabilidade da casa. Marido e mulher eram judeus sefarditas, descendentes de colonos judeus da Espanha.

A família Modigliani valorizava muito a educação liberal; aos olhos da burguesia de Livorno, Eugênia era tida omo uma pessoa fora dos padrões: tinha o hábito de tomar chá, o que era coisa dos ingleses, escrevia artigos literários e fazia trabalhos de tradução. Para Eugênia, essas atividades tinham um objetivo mais prático que o prazer intelectual, já que tinha sob sua guarda uma família muito grande na qual Dedo, como Amedeo era chamado, era o caçula.

O jovem Modigliani cresceu num ambiente altamente descontraído e estimulante, tendo desde cedo desenvolvido interesses culturais muito acima dos de sua idade. A mãe familiarizo-o com poetas românticos e simbolistas, como Leopardi, Wilde, Baudelaire e Rimbaud. Por intermédio de sua tia Laurie, tornou-se íntimo da filosofia de Nietzsche, em cujos textos exalta-se o artista que, devido à genialidade e à criatividade, afasta-se da sociedade. Mais tarde, em Paris, recitava para os amigo versos tão bonitos e pessoais quanto suas pinturas.

Modigliani cresceu como uma criança mimada e caprichosa, em parte por ser muito bonito e também porque sua saúde era bastante frágil. No verão de 1895 teve pleurisia, e em 1898 foi acometido de tifo. Naquele mesmo ano, entrou para a escola de arte de Guglielmo Micheli, mas saiu logo depois para formar um novo grupo. No fim de 1900, entretanto, a tuberculose, agravada por um ataque de pleurisia, interrompeu de vez seus estudos.

Novos lugares

Durante a convalescença, Modigliani viaja para Nápoles, Amalfi, Capri e, mais tarde, Roma e Veneza. Ao recuperar a saúde, deixa Livorno em 1902 para estudar, primeiro em Florença e depois em Veneza, onde faz vários amigos – entre eles o pintor Umberto Boccioni – e muitos estudos dos grandes mestres Bellini, Ticiano e Carpacccio.

Em janeiro de 1906, ele parte para Paris, resolvido a tentar a sorte como retratista. Logo ao chegar, adota o mesmo estilo de vida boêmio e descontraído que levava em Veneza, bebendo e se drogando, na tentativa de superar a própria timidez.

Após algumas semanas de vida luxuosa em um hotel, Modigliani começa a mudar de pensão em pensão, primeiro Montmartre e depois ao sul do Sena, Montparnasse. A pequena mesada que a mãe lhe envia não é suficiente para sustentar a vida que leva, entre vares e bordéis. Sem condições de pagar as dívidas, Modigliani dá seus quadros para saldá-las e sujeita-se a pequenos trabalhos, como fazer retratos na hora em troca de algum dinheiro.

Paris torna Modigliani mais sensível às suas origens judaicas, levando-o a descobrir afinidades artísticas e espirituais com os peintres maudits, os pintores malditos, judeus, marginalizados e pobres. Ao contrário deles, porém, Mondigliani havia estudado pintura e recebido uma educação mais sofisticada.

Comportamento Ilógico

No entanto, psicologicamente abalado pelos constantes problemas financeiros e pelo abuso de drogas. Modigliani tornou-se cada vez mais anti-social. É expulso da comunidade artística de Paul Alexandre por destruir trabalhos de outros artistas. Fica agressivo quando discute o Cubismo, movimento que começava a superar o Fovismo e que tinha sido lançado por Libion, no Café La Rotonde. Mondigliani parece viver de acordo com suas inspirações literárias da adolescência e as ideias de Nietzsche sobre os gênios solitários.

Nos primeiros tempos em Paris, Modigliani assume uma ultrapassada e decadente imagem de artista. Passa a vestir-se sempre de veludo marrom, gravatas brilhantes e chapéu de feltro de abas largas. Como as roupas que usava, a própria pintura de Modigliani estava fora de moda: uma estranha combinação de Impressionismo, Toulouse-Lautrec e Art Nouveau. Foram anos de experiências e de autodescoberta.

Em 1907 é realizada uma exposição póstuma dos trabalhos de Cézanne e, em seguida, Modigliani começa a imitar seu estilo, sugerindo formas e espaços por meio da cor. Essa nova preocupação com a forma leva-o aos primeiros trabalhos de escultura. Entre 1904 e o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, ele produz poucas pinturas. Trabalhando com o escultor Constantin Brâncusi.

É nesse período que ele faz seu verdadeiro aprendizado. O mal que causa à sua já debilitada saúde não passa despercebido de sua mãe em um retorno a Livorno, em 1909. Ela cuida dele e compra-lhe roupas novas. As mudanças ficam claras para seus amigos da escola de arte em outra visita a Livrono, em 1912.

Quando Beatrice Hastings,  a jornalista sul-africana, conhece Modigliani em 1914 não são somente o talento e as obras do artista que a atraem. É com ela que Modigliani vive um romance atribulado, e que ela tenta acompanhar Modi, como os artistas o chamavam, em sua obstinação e na capacidade de ingerir drogas e álcool.

Romances conturbados

O romance com Beatrice coincide com um período bastante vulnerável na vida de Modigliani. O profundo desalento e o gradual abandono da escultura são agravados pelas privações provocadas pela Primeira Guerra Mundial. Ele está frequentemente doente, o dinheiro que recebia da família já não chega e ele se sente explorado por especuladores sem escrúpulos. Muitos de seus amigos estão lutando nas frentes de batalha, e os cafés são frequentados apenas por inválidos e estrangeiros.

Mas, paradoxalmente, é durante os anos da guerra que seus retratos ganham harmonia peculiar e força interior que os caracterizavam. Modigliani é encorajado pelo empresário Paul Guillaume, que compra todos seus quadros e aluga um estúdio para que ele trabalhe. Ali ele pinta sua famosa série de nus, embora raramente retrate suas amantes dessa maneira.

O relacionamento com Beatrice torna-se conturbado e violento. As discussões terminam em agressões físicas. Por volta de 1915, Modigliani já está quase totalmente dependente de drogas. Beatrice, incapaz de conter os excessos do amante, torna-se, também uma alcoólatra. Um ano depois o relacionamento está terminado.

Em julho de 1917, Modigliani conhece Jeanne Hérbuterne, jovem e talentosa aluna da Academia Colarossi. Pinta seu retrato, mais que de qualquer outra mulher, e a estudante de 19 anos dá-lhe uma filha. O relacionamento entre Modigliani e Jeanne é tão conturbado quanto o anterior. Apesar de receber maus-tratos, ela continuava sendo esposa devotada que suportava com resignação as infidelidades de Modigliani.

Exposição inusitada

Em dezembro de 1917, Modigliani realiza sua primeira mostra individual, na Galeria Berthe e Weill. Até então, ele era praticamente desconhecido pela imprensa. Leopold Zborowski, seu empresário desde 1916, desejando atrair muitos visitantes, colocou vários nus na vitrine, que ficava em frente a uma delegacia de polícia. Lamentavelmente, a polícia, investida dos poderes extraordinários dos tempos de guerra, decidiu impedir a exposição e fechou a galeria no dia da inauguração.

Zborowski era um poeta polonês, simpatizante dos pintores malditos, que tinham condições de dar a Modigliani  uma pequena mesada, embora o artista já estivesse vendendo algumas obras. Além disso, organizou a viagem de um grupo de artistas para o sul da França em abril de 1918. Lá, Modigliani redescobriu sua admiração por Cézanne e pintou sua primeira paisagem desde os tempos de estudante na Itália.

Foi para Cagnes-sur-Mer com um amigo, o pintor Chaïm Soutine, que produziu várias paisagens vibrantes totalmente diferentes das imagens bem-comportadas de Modigliani.

Mortes trágicas

Durante seus últimos anos de vida, Modigliani torna-se uma pessoa supersticiosa, não permitindo que seu estúdio fosse limpo ou que qualquer pessoa o interrompesse, com medo de perder a frágil inspiração. Perdeu totalmente a confiança nos amigos e empresários.

Mondigliani contraiu pneumonia no terrível inverno de 1920. Após passar todas as noites bebendo nos bares, sempre terminando no La Rotonde, voltava para casa pela manhã sempre muito bêbado. Dias antes de morrer desmaiou no estúdio onde morava com Jeanne, e ela assustada, não teve iniciativa para chamar o médico, limitando-se a sentar-se  vê-lo extinguir suas últimas energias.

No dia 24 de janeiro de 1920 ele morreu de meningite tuberculosa, aos 35 anos. À tragédia do pintor segue-se a de Jeanne: grávida de muitos meses do segundo filho, ela atirou-se pela janela do apartamento, do quinto andar, logo após a morte de Modigliani. Cinco anos depois, seu corpo foi removido do cemitério de Bagneux para ser enterrado junto ao de Modigliani, em Le Père Lachaise.

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