Cézanne: o precursor do Cubismo

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Cézanne: o precursor do Cubismo
   

Na França de 1870, Cézanne era conhecido como um artista subversivo, de difícil temperamento, que quebrou com a visão estereotipada de que a obra de arte tinha de ser uma cópia da realidade.

Mais do que reproduzir, Cézanne se preocupava em interpretar as cenas ao seu redor; violando, literalmente, a realidade do objeto. A maioria dos seus quadros transmite uma emoção, por vezes, considerada intragável pelos críticos da época.

Colega dos principais artistas do movimento impressionista francês como Renoir, Monet e Degas, Cézanne diferenciava-se deles por sua técnica de construção rigorosa que mais tarde evoluiria para formas geométricas.

Sua grande aspiração, dizia, era “fazer do impressionismo algo sólido e durável como as artes dos museus”. A autonomia da arte, tão bem divulgada por ele, foi a premissa básica do Cubismo de Picasso e Braque que surgiria nos primeiros anos do século 20.

No começo da carreira artística, ele chocou o publico pintando temas sensuais, entre eles, “A Orgia” e “A Tentação de Santo Antão”, ambos pintados entre 1864 e 1868. Neste último o pintor destacava mulheres nuas com enormes nádegas. As pessoas para ele eram tidas como objetos, da mesma forma que maçãs e laranjas. Retratar banhistas virou uma obsessão para o pintor. Irritava-se com frequência com seus modelos. “Por que você se mexe? Uma maçã por acaso se mexe?, implicava.

Nos diversos artigos que escreveu para os jornais da época, criticava o sistema artístico estabelecido e enaltecia a arte dos pintores impressionistas, Zola chamava Cézanne de o maior colorista do grupo. “As telas tão fortes e tão vívidas podem até provocar risos nos burgueses, mas de qualquer forma indicam os elementos de um grande pintor”, disse ele num artigo de 1877, publicado num jornal de Marselha.

Não conseguindo entrar na Escola de Belas Artes e tendo vários dos seus quadros recusado no Grande Salão de Paris, Cézanne volta para Aix, onde se casa e tem um filho. Passa os último 30 anos de sua vida, morando em diferentes cidades do sul da França e indo eventualmente a Paris.

Manteve na década de 1870, pouco contato com os pintores, entre eles Pisarro e Paul Gachet, artista amador, que comprou várias de suas obras. Volta para Paris em 1874, por insistência de Pisarro, para a primeira mostra coletiva dos pintores impressionistas. As suas telas são as que mais despertam zombaria do público.

Tanto na “A Casa dos Enforcados”, como na “Moderna Olympia”, exibidas no Grande Salão, Cézanne já esboça a sua tendência às formas geométricas. Um exemplo do seu perfeccionismo pelas formas pode ser expresso pelos seus 60 quadros acerca do mesmo tema: o Monte Saint Victoire, próximo à Aix. Ele ficou quase 30 anos aprimorando a “geometria” da montanha em aquarelas de traços retos e vigorosos e ângulos quase perfeitos. Sabia que estava sendo um marco para o pintura moderna que viria a seguir.

Diabético, Cézanne não colheu os louros da sua ousadia. Em 15 de outubro de 1906, sentiu a vista escurecida. Estava pintando, quando a cabeça rodou e desmaiou. Foi levado para a casa numa carroça e a família foi avisada. Uma semana depois morreu sem, entretanto, conseguir se despedir da mulher Hortense e o filho Paul, de 34 anos.

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