O Poeta Michelangelo

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O Poeta Michelangelo
   

Festejado como gênio da pintura, escultura e arquitetura, poucos sabem que Michelangelo também fez poesia.

Afinal, como ele reconhecia, “escrever é muito custoso para mim, e não é a minha arte”. Mas ele havia dito algo parecido sobre a pintura, e a Capela Sistina nos mostra que o artista pode ser exigente demais consigo mesmo.

É claro que não se pode encontrar em seus sonetos a qualidade de seus mármores, mas ele esculpia com a mesma força e sinceridade as palavras que, igualmente, são expressões de sua mundo interior atormentado. Conhecem-se cerca de 200 poemas, completos ou não, que Michelangelo escreveu, na maior parte depois dos 60 anos.

Misturando sentimentos amorosos platônicos e reflexões sobre a chegada da morte, Michelangelo lamenta a inutilidade das paixões humanas, sem sentido diante do fim inevitável e prega o ideal da aspiração ao divino.

Num dos sonetos mais famosos, Michelangelo descreve sua genialidade: não existiria ideia ou conceito do verdadeiro artista que não estivessem, potencialmente, contidos num simples bloco de mármore, e a mão do escultor vai tirando da matéria o supérfluo até revelar a forma pura.

Este é um dos poemas esculpidos por Michelangelo na pedra do verbo:

“Eu te comprei, embora muito caro,
um pouco não sei de quê, bem perfumado
porque o odor tantas vezes me ensina o caminho.
Onde quer que estejas, ali também estarei, sem dúvida
disso estou certo e convencido.
Se te escondes de mim, te perdoo:
levando-te sempre contigo, onde quer que vás,
hei de encontrar-te, mesmo que esteja cego.”

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