O Neoconcretismo foi uma corrente das artes (plásticas, escultura, performances, literatura) que surgiu em fins da década de 50 no Rio de Janeiro, em oposição ao Movimento Concretista, de São Paulo.
Influenciado pelas ideias da fenomenologia do filósofo francês Merleau- Ponty (1908-1961), foi considerado como o “divisor de águas” na história das artes visuais no Brasil, sendo seus precursores o poeta maranhense Ferreira Gullar e a artista plástica mineira Lygia Clark.
Note que o Neoconcretismo (Grupo Frente) surgiu no Rio de Janeiro em prol do subjetivismo da arte e da criação artística, o qual criticava o racionalismo, objetividade e o dogmatismo geométrico dos concretistas paulistas (Grupo Ruptura).
Para tanto, essa contradição de ideias foram os elementos propulsores dos ideais dos artistas neoconcretos, ou seja, propor uma arte mais libertária contra o cientificismo técnico, o exacerbado racionalismo da “arte pela arte” em que estavam pautados os concretistas ortodoxos de São Paulo.
As principais características do movimento neoconcreto são:
- Oposição ao concretismo, materialismo, cientificismo e positivismo;
- Maior subjetividade e expressividade artística;
- Liberdade de experimentações e criações artísticas;
- Interação do público com a obra;
- Abstracionismo e uso de cores e formas geométricas;
- Transcendência da arte;
- Existencialismo e Humanismo.
NO BRASIL
Paralelo entre Concretismo e Neoconcretismo:
Concretismo |
Neoconcretismo |
São Paulo |
Rio de Janeiro |
Objetivo, racional |
Subjetivo, experimental |
Grupo Ruptura |
Grupo Frente |
Arte como informação social Arte como produção |
Arte como expressão Arte como criação |
Princípios geométricos e a prioridade da forma |
Sensibiliza a geometria como forma de expressão |
Materialista, tecnicista, vê a obra como construção, máquina ou objeto |
Existencialista (o tempo, o lugar), humanista, o sujeito participa da obra |
No final da década de 50, os artistas cariocas, que faziam parte do concretismo, fizeram uma revisão crítica em bloco da sua postura anterior. Denunciaram o excesso de dogmatismo a que tinham levado o concretismo, fazendo arte segundo receitas e que terminava, ao invés de integrar a arte na vida, submetendo-se a um esquema de produção de potencial crítico e artístico zero.
Em março de 1959, foi lançado no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, o manifesto neoconcretista assinado por Ferreira Gullar, Ligia Clarck, Ligia Pape, Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Reynaldo Jardim, Theon Spanudis para definitivamente separar a artes do Rio de Janeiro e de São Paulo. Este manifesto serviu de abertura para a primeira exposição de arte neoconcreta.
O neoconcretismo surge como uma reação ao excesso de racionalismo do concretismo e pontua a reabilitação da subjetividade no processo criativo artístico.
Foi o responsável pelas principais transformações no campo das artes visuais no Brasil, e trouxe como principais características:
- Superação de suportes tradicionais (pintura e escultura);
- Proposta de novos meios de criação artística (objetos, ambientes, apropriações);
- Modificação radical na recepção das obras de arte (participação do observador na obra).
Destacamos os artistas:
Lygia Clark (1920-1988) pintora e escultora mineira, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1947, e inicia aprendizado artístico com Burle Marx. Na década de 50, recebeu influências de Arpad Szènes, Isaac Dobrinsky e Fernand Léger, quando estudou em Paris. Fundadora do Grupo Frente, criadores do movimento neoconcretista, apresentando obras que tinham como propostas o deslocamento da pintura para longe do espaço claustrofóbico da moldura.
Lígia Pape (1927-2004), escultora, gravadora e cineasta carioca. Estudou com Fayga Ostrower no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Aproxima-se do concretismo e, em 1957, depois de integrar-se ao Grupo Frente, é uma das signatárias do manifesto neoconcreto.
Ferreira Gullar (1930-): poeta e crítico de arte maranhense.
Hélio Oiticica (1937-1980): artista carioca.
Amílcar de Castro (1920-2002): escultor, artista plástico e designer mineiro.