As Tentações de Santo Antão, Hieronymus Bosch

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As Tentações de Santo Antão, Hieronymus Bosch
   

O piedoso eremita Santo Antão é submetido a todas as tentações e torturas que é capaz de conceber a imaginação diabólica de Bosch.

O mal espreita em cada canto – uma sedutora se esconde numa árvore fendida, um monstro sai de dentro de uma imensa ruta madura, e a cena é repleta de criaturas ameaçadoras de aparência sobrenatural. O inferno em tumulto ao fundo, sugere o destino que aguarda todos os que sucumbem ao mal.

O estilo de Bosch é único, e não tem paralelo na tradição da pintura neerlandesa. Sua obra não se parece com a de nenhum outro artista da época, como Jan van Eyck ou Rogier van der Weyden.

A maioria dos temas dos quadros de Bosch giram em torno de cenas da vida de Cristo ou de um santo confrontando com o mal ou com a tentação, ou são alegorias ou provérbios sobre a insensatez dos seres humanos.

A obra de Bosch parece estranhamente moderna: quatrocentos anos depois sua influência emergiu no Expressionismo, e mais tarde ainda no Surrealismo.

O painel esquerdo corresponde ao primeiro momento das tentações. Assim, na parte superior da imagem o Santo é levado pelos céus por demônios. Depois Santo Antão é amparado por dois religiosos e por um leigo, vestido de vermelho escuro. Sob a ponte de madeira, três monstros leem uma carta enquanto outra figura que patina no gelo se prepara para lhes entregar outra. Mais à frente vemos um conjunto de figuras demoníacas, em trajes de religiosos, que caminham para uma construção cuja entrada é feita com o corpo de um homem ajoelhado, simbolizando um prostíbulo.

O  painel central do tríptico é preenchido por um templo cilíndrico, em ruínas, que é o único espaço do quadro que não é invadido por demônios. As paredes do templo são decoradas com imagens alusivas ao Antigo Testamento. No interior, junto a um altar a figura de Cristo faz um gesto de bênção, repetido pelo próprio Santo que olha na direção do espectador. Ao fundo, ardem aldeias. O restante espaço é preenchido com seres fantásticos, a maioria híbridos, parte homens, parte animais.

O painel direito apresenta uma mulher banhando-se, nua, junto a um tronco de árvore coberto de um manto vermelho, tentando aliciar o protagonista. Este desvia o olhar para a esquerda, onde depara com um grupo de estranhos seres que o tentam aliciar com comida e bebida. No topo, repete-se a imagem dos demônios voadores levando estranhos passageiros. Em segundo plano, vemos uma cena de batalha e uma figura com uma espada que enfrenta um dos monstros.

O tríptico fechado apresenta painéis exteriores com duas cenas da Paixão de Cristo: no painel esquerdo, a Prisão de Cristo com Judas e São Pedro em primeiro plano, no painel direito, Cristo a caminho do Calvário com Santa Verônica ajoelhada a seus pés.

Tríptico As Tentações de Santo Antão, c.1505, óleo sobre madeira, 131,5 x 172 cm, Hieronymus Bosch, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.
Painéis exteriores apresentando duas cenas da Paixão de Cristo. Tríptico As Tentações de Santo Antão, Hieronymus Bosch, Museu National de Arte Antiga, Lisboa.

pincel

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