Claude Lorrain

Claude Lorrain
   

Claude Lorrain nasceu Claude Gellée, em Chamagne, no ducado francês de Lorraine, em 1600. O nome Lorrain era empregado, em francês, para indicar seu lugar e origem. Órfão muito jovem, tudo indica que tenha iniciado sua vida de trabalhador como confeiteiro e, certamente, foi com muito esforço que, ainda adolescente, viajou para a Itália.

Em 1613 estava em Roma, trabalhando como criado de Agostino Tassi. Logo seria também seu aprendiz, adotando o estilo de pintura e os temas de seu mestre e patrão. Tassi era um pintor de marinhas e paisagens, cujos quadros sofreram profunda influência de paisagistas nórdicos em atividade em Roma, como Paul Bril.

Claude Lorrain teria auxiliado Tassi em trabalhos de decoração na Villa Lante, em Bagnia, para o Cardeal Montalto. Ainda nesse período inicial de sua vida, passou dois anos em Nápoles, trabalhando com o artista paisagístico Gottfried Wals; e esteve durante um ano em Lorraine (1625-26), como assistente de Deruet, trabalhando nos afrescos decorativos da igreja carmelita de Nancy.

Exceto por esses trabalhos, suas obras iniciais ficariam perdidas no anonimato da escola de Agostino Tassi.

Ao contrário de outros artistas, como Deruet, que depois de uma temporada de estudos na Itália, voltaram para sua terra natal, Claude Lorrain estabeleceu-se em Roma pelo resto de sua vida. Em meados de 1630 já se firmara como o principal pintor paisagista de Roma.

Ele viveu praticamente toda sua vida numa casa ao pé da colina encimada pela Igreja de Santissima Trinitá dei Monti. Nunca se casou, mas durante vinte anos morou com Desiderii e, até morrer, com a filha de ambos, Agnese, que nascera em 1653. Em 1660, dois sobrinhos de Claude Lorrain foram também viver com ele.

Sabe-se muito pouco sobre sua personalidade. exceto que não era, ao contrário de seu amigo Nicolas Poussin, um artista erudito, mas um espírito contemplativo dotado de uma qualidade rara: a compreensão intuitiva das paisagens.

Natureza monumental

Um bom indício da reputação de Claude Lorrain foi a importante encomenda que recebeu do Rei Filipe IV, de Espanha, em 1635; nessa época o rei concluía trabalhos de construção de seu palácio Buen Retiro, em Madri, e encomendou grandes telas paisagística a uma série de jovens nórdicos de Roma. Claude Lorrain contribuiu com pelo menos sete quadros de grandes dimensões.

Ele só deixava Roma para breves passeios ao campo, em busca de novas paisagens; por vezes ia até as montanhas, em busca de lugares pitorescos e selvagens, como Tivoli. Com seu famoso templo em ruínas, conhecido como Templo de Sibila, suas encostas acidentadas, cavernas e cascatas. Tivoli era um local popular entre os artistas desde o século 16.

Embora tenha preenchido seus cadernos de anotações com belos desenhos da natureza, seus quadros a óleo raramente retratam lugares reais: a intensa observação permanecia como a base de sua arte, mas Claude Lorrain preferia cada vez mais servir-se de sua imaginação para descrever a natureza num estado elevado ou idealizado.

Clientes famosos

Seus dois principais clientes foram o rei da Espanha, Filipe IV, da Espanha, em 1635, e o Príncipe Colonna, depois de 1633. Em geral, eram seus clientes os responsáveis pela escolha do tema, e alguns deles, como Camillo Massini, o Príncipe de Colonna, ou o Príncipe Gasparo Altieri, eram bastante cultos ou, então dispunham de conselhos eruditos.

Os clientes de Claude Lorrain – e ele mesmo, provavelmente – parecem ter tido especial predileção pelos feitos heroicos de Eneias na fase final de sua carreira. Assim, em resposta a essa fonte literária, Claude Lorrain iria desenvolver na época um estilo épico ou heroico, em substituição à suavidade pastoral de suas paisagens.

Desde o início da década de 1660, preparou dez grandes telas para Lorenzo Onofrio Colonna, Duque de Paliano, Grande Guardião de Nápoles, que lhe encomendou temas incomuns como O Castelo Encantado, de 1664, e Ascânio Atirando no Veado de Silvia, em 1682, de estilo heroico ainda mais acentuado.

Foi uma longa vida de trabalho: esse quadro que seria o último, Claude Lorrain o pintou aos 82 anos, idade em que morreu. Foi sepultado na Igreja da Santissima Trinitá dei Monti, em Roma.

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