Passeando por Buenos Aires não pude deixar de visitar a nossa conterrânea “Abaporu”, obra de Tarsila do Amaral, muito bem instalada em lugar de destaque no Malba. Esse Museu, que tão dignamente hospeda essa e outras obras da arte contemporânea brasileira, foi inaugurado em 2001 em um edifício especialmente construído para esse fim.
Com muito orgulho os portenhos mostram o edifício de linhas modernas, com áreas imensas de muito vidro que permitem a claridade interior, a luz natural ainda ganha um aliado com o revestimento, interno e externo, todo branco. A beleza do edifício já vale uma visita. Através de rampas e escada rolante o visitante chega aos espaços de exposição, que em julho abrigava a “La era de la discrepancia – Arte y cultural visual em México – 1968 a 1997” e o acervo do museu.
A exposição de arte mexicana mostrou obras de artistas de diversas gerações e vindos de movimentos artísticos distintos e que tem em comum a transformação formal ou política do sentido de produzir arte. A exposição centrou-se em artistas que estavam em desacordo com o uso tradicional da arte e autocríticos da sua própria arte, onde por meio de instalações, vídeo arte, documentários e telas questionavam a legitimidade dos suportes tradicionais, das funções históricas da arte e dos abusos da iconografia.
Após a visita a essa mostra tão instigante, fui finalmente conhecer o acervo do museu.
O colecionador de arte argentino Eduardo Constantini, que se notabilizou pela compra do quadro “Abaporu”, mostra-se um conhecedor atento das obras brasileiras contemporâneas.
De sala em sala foi apreciando: “Festa de São João” de Candido Portinari; “Cena de Rua” de Di Cavalcanti; alguns dos “Metaesquemas” de Oiticica; “Trepantes” de Lygia Clark; sequências cinéticas de Palatnik e esquecer da vida em frente ao “Abaporu”, visto que sou fã incondicional da obra de Tarsila do Amaral.
Admirei obras de artistas latino-americanos como Frida Kahlo, Diego Rivera, Wilfrido Lam, Xul Solar, Joaquin Torres-Garcia, Julio Le Parc, Jesús Soto, entre outros. Outro fator importante do museu são as exposições com os artistas argentinos em atividade e espaço para lançamentos culturais em geral.
Entrei para visitar o “Abaporu” e sai orgulhosa em apreender sobre obras da arte latino-americana de tamanha importância.