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Neoexpressionismo

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As novas tendências informais e figurativas surgiram no inicio da década de 1970, com toda sua carga de violência e emoção, de humor e sujeira (Bad Painting), de temas políticos, mitológicos, simbólicos e desbragada fantasia são uma reação ao intelectualismo da Arte Concreta e à assepsia da Minimal Art com seus sistemas, sua lógica e seu rigor purista. A nova pintura, definida como não-autoritária, desenvolveu-se simultaneamente na Itália, Alemanha e Estados Unidos.

O Neoexpressionismo (Neue Wilden/Novos Selvagens) alemão pode ser dividido em dois grupos principais. O de Berlim, denominado Veementes Berlinenses é mais coeso e radical e reúne Karl Horst Hödicke, Salomé, Rainer Fetting, Helmut Middendorf, e Bernd Zimmer . O que atua no eixo Colônia-Dusseldorf chamado Liberdade Muhleim, é integrado por Georg Baselitz, A. R. Penck, Markus Lüpertz, Anselm Kiefer, Per Kirkeby e Sigmar Polke. As memórias da guerra, as marcas deixadas pelo nazismo no país e a tematização de certa identidade nacional problemática são referências para Baselitz, Penck e Kiefer, ainda que os temas conheçam inflexões distintas, em cada um deles. Muitos dos novos selvagens vieram do Leste, como Jörg Immendorff e Penck, mas manifestaram como marca de seu trabalho a raiz expressionista, além de uma nítida preocupação política. No Brasil, destacamos Paulo Monteiro, Daniel Senise e Jorge Guinle.

As características gerais da pintura neoexpressionista são:

  • Uso de materiais diversos como palha, linhas, ferro, louça quebrada; dando um aspecto tátil, tosco ou sensual.
  • Espaço estético da tela era o lugar onde se abordava questões traumáticas;
  • Prestigiavam tudo aquilo que era desacreditado (figuração, emoção, psicologia, sexualidade, autobiografia narrativa, etc.);
  • As emoções são expressas com vibração.;
  • Temas relacionados ao passado (tanto mundial como do próprio artista) e que possam ser representados com liberdade de expressão;
  • Uso de alegoria e simbolismo;
  • Retorno da figuração, mas ainda há abstração em algumas obras e em traços de alguns artistas.

Artistas destacados:

Joseph Beuys (1912-1986), alemão de Dusseldorf,  produziu experiências de vanguarda sob uma atmosfera altamente politizada da década de 60 têm impactos decisivos na produção de vários jovens artistas.  Utilizou vários meios e técnicas, incluindo escultura, movimento fluxus, happening, performance, vídeo e instalação. Ele é considerado um dos mais influentes artistas alemães da segunda metade do século 20. Em 1979, uma grande retrospectiva da obra do artista foi exibida no Museu Guggenhein de Nova York. Beuys morreu de insuficiência cardíaca.

Jörg Immendorff (1945-2007), a produção desse artista alemão traduz, desde o início, uma tentativa de articulação da pintura com compromissos sociais e políticos. Entre 1968 e 1970, os trabalhos de Immendorff testam a linguagem infantil como alternativa às convenções artísticas de corte burguês. A partir dos anos 70, os trabalhos de Immendorff apelam ao didatismo das ilustrações e das legendas, numa opção explícita pela simplificação e busca de inteligibilidade. Em seguida, o repertório do artista se amplia, fazendo conviver nas telas as motivações políticas, os símbolos nacionais e o movimentos da psique e do sonho, como em Alemanha Café III (1978).

Georg Baselitz (1938) artista alemão, foi muito influente diante de uma geração de artistas alemães sobre as questões da arte e da identidade nacional, na esteira da Segunda Guerra Mundial. Vivenciou o realismo social da comunista Berlim Oriental, mudou-se para Berlim Ocidental, e se deparou com arte abstrata. Em última análise, entretanto, rejeitou as duas opções. Baselitz reviveu o expressionismo alemão que tinha como base a denúncia nazista, usou  rosto humano como tema central na pintura. Baselitz mobiliza um amplo repertório de símbolos em suas telas coloridas e viscosas. As figuras de cabeça para baixo que produz tornam-se uma espécie de assinatura do artista – por exemplo, Palhaço (1981), Último Jantar em Dresden (1983). Ele inspirou um renascimento da pintura neoexpressionista na Alemanha na década de 1970, e seu exemplo deu encorajamento para outros que assumiram estilos semelhantes tanto na Europa como nos Estados Unidos na década de 1980.

A. R. Penck (1939), pintor e escultor alemão de Dresden, adotou como nome artístico Ralf Winkler é um pintor e escultor alemão. Ele é adepto da figuração e também bem explícito no que diz respeito às inclinações políticas. Suas telas almejam a comunicação, assim como fazem os sinais e placas públicas. O seu Standart (1971) parece guardar alguma relação com as inscrições feitas nos muros, ainda que faça referências expressas ao vocabulário de signos e à cibernética, caros ao artista. Seu estilo apresenta também influências da arte primitiva e da arte popular. Está representado em alguns dos principais museus do mundo.

Anselm Kiefer (1945), artista alemão cuja obra adquire expressão internacional por ocasião da 39ª Bienal de Veneza (1980), quando expõe com Baselitz, e são chamados de novos fovistas. Sua produção combina fontes diversas: a história alemã e os símbolos nacionais; o imaginário e a memória; a mitologia e as religiões. O uso livre que faz desses repertórios encontra tradução plástica em telas de grandes dimensões, com o auxílio de materiais díspares: a palha, o chumbo, as pastas de pigmentos, os diversos elementos da natureza. A combinação da matéria natural com um universo mitológico, mágico e espiritual liga diretamente o nome de Kiefer ao de Beuys, ainda que a forte marca autoral do primeiro seja indiscutível, basta lembrarmos Quaternity (1973) e Canção de Wayland – com asa (1982), entre outros. Os livros, criados desde 1968, são outra via importante da produção de Kiefer, por exemplo, As Mulheres da Revolução (1987), em cujas páginas de chumbo convivem plantas secas, pigmentos, texturas etc.

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