Vênus e Marte, Sandro Botticelli

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Vênus e Marte, Sandro Botticelli
   

O episódio é conhecido: a beleza e o fascínio de Vênus vencem Marte, orgulhoso deus da guerra. Enquanto este se abandona ao sono, sátiros e cupidos troçam dele, apoderando-se das suas armas: o poder do amor vence a violência e a guerra.

Realizada, provavelmente, para a família Vespucci, cujo emblema, as vespas, aparece na extremidade direita; o quadro, tanto pelo formato como pelo tema representado, destinava-se a decorar o espaldar de um banco ou de um leito nupcial.

A interpretação pictórica é envolta em nostalgias clássicas, como a estudada posição da deusa, que exibe uma veste branca que se encrespa numa miríade de pregas soltas, e do deus transformado em adolescente de membros delgados e traços femininos.

O traço incisivo e o marcado desenho do artista revelam-se na sólida, sinuosa e sutil linha nera que define os contornos de todos os elementos, mesmo das sombras.

Este obra reflete, de uma forma emblemática a atmosfera da cultura florentina, não apenas figurativas, que floresceu na Corte dos Médicis, mas também a ambição humanista de transformar platonicamente a realidade em beleza e mito.

O rosto de Vênus é semelhante ao de cada uma das figuras femininas sagradas ou mitológicas pintadas por Botticelli. O alongamento da oval do rosto, o estudado encaracolado dos cabelos e o próprio penteado indicam a aspiração do pintor a uma sofisticada elegância. A deusa é representada como uma jovem esposa vestida de modo elegante, de acordo com a moda renascentista.

Os pequenos sátiros, meio humanos e meio animais, que brincam com as armas de Marte, dão ao artista a oportunidade de ilustrar um magnífico elmo dourado e polido que reflete a luz, como os que se usavam nos torneios florentinos do tempo. A lança, o cimo e a couraça são atributos de Marte, deus da guerra.

Marte, adormecido, repete a postura clássica de muitos sarcófagos da idade imperial romana, que Botticelli evoca com um desenho delicado e de refinada afetação. Os pequenos sátiros, certamente a um sinal de Vênus, despertam o deus nu do sono profundo, e o amor vencerá mais uma vez a guerra.

Vênus e Marte, c.1485, têmpera e óleo sobre madeira de álamo, 69,2 x 173,4 cm, Sandro Botticelli, National Gallery, Londres.

Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Botticelli, experimente fazer uma releitura dele ou criar uma cena mitológica.

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