Nasceu no Rio de Janeiro em 23 de setembro de 1898, filho de um marceneiro e clarinetista da banda da Guarda Nacional e de uma costureira, ficou órfão de pai aos 7 anos.
Foi compositor, cantor, autor de músicas e artista plástico. Começa trabalhar cedo na oficina do seu pai. Sobrinho do pioneiro dos ranchos cariocas, Hilário Jovino Ferreira, ganha do tio seu primeiro cavaquinho.
Aos 12 anos trabalha como engraxate, jornaleiro e lustrador, vive constantemente em companhia do tio Hilário e frequenta a casa das tias baianas (Tia Ciata e Tia Esther), onde tem contato com músicos como Donga, João da Baiana, Sinhô, Caninha, Getúlio Marinho “Amor”, Pixinguinha, Paulo da Portela entre outros.
Apesar dos trabalhos informais, o jovem Heitor é preso aos 13 anos, por vadiagem, e passa algumas semanas na colônia correcional de Ilha Grande. Dominava o clarinete e o cavaquinho, e seus sambas e marchinhas alcançaram projeção nacional.
Um dos pioneiros do samba carioca, Heitor compôs seu maior sucesso, Pierrô Apaixonado, em parceria com Noel Rosa.
Com boa circulação entre os sambistas, firma relações com compositores da Mangueira, principalmente Cartola , e de Oswaldo Cruz.
Por meio dessas relações, Heitor dos Prazeres compõe sambas em parceria e participa do início dos trabalhos e da fundação de escolas de samba, que se tornam importantes referências: Mangueira, Portela e Deixar Falar (futura Estácio de Sá).
Autor de diversos sucessos da época e outros que fazem parte do repertório da música brasileira, como: A tristeza me Persegue; Ora Vejam Só; Gosto que me Enrosco (gravado como Cassino Maxixe); Vai Mesmo; Deixaste Meu Lar, entre outras tantas composições famosas.
Entre gravações e polêmicas, Prazeres inicia um catálogo que reúne cerca de 300 composições e lança, através das suas composições, inúmeros cantores no cenário musical.
Cria, em 1930, um coro feminino como acompanhamento, Heitor dos Prazeres e Sua Gente, com o qual excursiona e se apresenta no Uruguai.
Atua nas Rádios Cosmos e Cruzeiro do Sul, em que apresenta o programa A Voz do Morro, com Cartola e Paulo da Portela.
Dos Prazeres forma o Grupo Carioca e torna-se ritmista da Rádio Nacional e do Cassino da Urca.
Consolidado como um dos mais talentosos sambistas da primeira metade do século 20, Heitor dos Prazeres descobriu outro dom até então adormecido: a pintura.
Com a morte da esposa, Dona Glória, com quem se casou em 1931 e teve três filhas, o artista usou a tinta e o pincel como ferramentas de vazão para a tristeza. A partir de 1937, Heitor dos Prazeres começou a se projetar como pintor e incentivado pelos amigos marcou presença em diversas exposições.
Heitor dos Prazeres em suas pinturas gostava de retratar a vida nas favelas cariocas; crianças brincando de soltar balões e pipas, pular corda e jogar argolas, homens jogando sinuca e baralho, jovens em festas juninas. Rodas de samba eram muito comuns em seus quadros.
Característica da sua pintura eram os rostos das pessoas sempre pintados lateralmente e com a cabeça e o olhar para o alto.
A sua origem fez de Heitor dos Prazeres um artista sensível à vida e à cultura das favelas cariocas.
Alcançou em 1951 o terceiro lugar para artistas nacionais na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, com o quadro Moenda.
Ganha uma sala especial na 2ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1953.
Cria cenários e figurinos para o Balé do IV Centenário da Cidade de São Paulo.
Em 1965, Antônio Carlos Fontoura produz um documentário sobre sua obra.
Morre no dia 04 de outubro de 1966 no Rio de Janeiro.
Em 1999, é realizada mostra retrospectiva no Espaço BNDES e no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), em comemoração ao centenário de seu nascimento.
Em 2003 foi publicado o livro “Heitor dos Prazeres: Sua Arte e Seu Tempo” da jornalista Alba Lírio
“Heitor se encontra ao lado dos artistas mais importantes para o desenvolvimento da cultura do Brasil e a proximidade com os elementos da cultura afro, consequentemente com todos os encantos e influências vindas de África fazem do artista um dos principais tradutores da história das primeiras gerações de negros que cresceram na pós-escravidão”.
As obras de Heitor dos Prazeres encontram-se expostas em museus de vários países.