Mineira de Belo Horizonte, Lygia Pimentel Lins nasceu em 23 de outubro de 1920. Aos 18 anos casou-se com rico engenheiro Aluisio Clark e com ele teve três filhos. Em 1947, ela e a família foram morar no Rio de Janeiro para que pudesse dedicar-se à vida artística. Nesse mesmo ano, ela iniciou seu aprendizado artístico com arquiteto e paisagista Burle Marx.
Entre 1950 e 1952 passou a viver sozinha em Paris, onde estudou com Fernand Léger, Arpad Szenes e Isaac Dobrinsky. De volta para o Brasil, integrou o Grupo Frente, liderado por Ivan Serpa. Nesse período, ela desquitou-se do marido.
Lygia ainda participa, em 1954, com a série “Composições”, da Bienal de Veneza – fato que se repetirá, em 1968, quando é convidada a expor, em sala especial, toda a sua trajetória artística até aquele momento.
É uma das fundadoras do Grupo Neoconcreto e participou da sua primeira exposição em 1959. Trocou sua pintura gradualmente pela experiência com objetos tridimensionais.
Realizou proposições como a série Bichos, de 1960, construções metálicas geométricas que se articulam por meio de dobradiças e requerem a coo participação do espectador, nesse ano lecionava artes plásticas no Instituto Nacional de Educação dos Surdos.
A experiência com a maleabilidade de materiais duros converte-se em material flexível.
Lygia Clark chega à matéria mole: deixa de lado a matéria dura (a madeira), passa pelo metal flexível dos “Bichos” e chega à borracha na “Obra Mole, 1964”.
A transferência de poder, do artista para o propositor, tem um novo limite em “Caminhando, 1963”.
Cortar a fita significava, além da questão da “poética da transferência”, desligar-se da tradição da arte concreta, já que a “Unidade Tripartida, 1948-49”, de Max Bill, ícone da herança construtivista no Brasil, era constituída simbolicamente por uma fita de Moebius. Esta fita distorcida na “Obra Mole” agora é recortada no “Caminhando”.
Era uma situação limite e o início claro de num novo paradigma nas Artes Visuais Brasileiras. O objeto não estava mais fora do corpo, mas era o próprio corpo que interessava a Lygia. Dedicou-se à exploração sensorial em trabalhos como A Casa É o Corpo, de 1968.
Participa das exposições Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ).
Reside em Paris entre 1970 e 1976, período em que leciona na Faculté d’Arts Plastiques St. Charles, na Sorbonne.
Nesse período sua atividade se afasta da produção de objetos estéticos e volta-se sobretudo para experiências corporais em que materiais quaisquer estabelecem relação entre os participantes.
Retornando para o Brasil em 1976 Lygia se dedicou ao estudo das possibilidades terapêuticas da arte sensorial e dos objetos relacionais.
Em 1981, Lygia diminui paulatinamente o ritmo de suas atividades.
Em 1983 é publicado, numa edição limitada de 24 exemplares, o “Livro Obra”, uma verdadeira obra aberta que acompanha, por meio de textos escritos pela própria artista e de estruturas manipuláveis, a trajetória da obra de Lygia desde as suas primeiras criações até o final de sua fase neoconcreta.
Em 1986, realiza-se, no Paço Imperial do Rio de Janeiro, o IX Salão de Artes Plásticas, com uma sala especial dedicada a Hélio Oiticica e Lygia Clark. A exposição constitui a única grande retrospectiva dedicada a Lygia Clark ainda em atividade artística.
Sua prática fará que no final da vida a artista considere seu trabalho definitivamente alheio à arte e próximo à psicanálise.
A partir dos anos 1980 sua obra ganhou reconhecimento internacional com retrospectivas em várias capitais internacionais e em mostras antológicas da arte internacional do pós-guerra.
Lygia Clarck faleceu em 25 abril de 1988 vitima de ataque cardíaco. Seus três filhos Álvaro , Eduardo e Elisabeth, tornaram-se herdeiros de seu patrimônio cultural.