Aníbal Atravessando os Alpes, J.M.William Turner

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Aníbal Atravessando os Alpes, J.M.William Turner
   

Este quadro de Turner foi exibido pela primeira vez em 1812, ano que seria decisivo na história europeia moderna. Os exércitos de Napoleão estavam às portas de Moscou, e parecia que a França iria conquistar toda a Europa.

Porém, a situação se inverteu e o exército francês foi forçado a recuar, derrotado não pela força das armas, mas pelo cruel inverno russo. Turner mostra o exército de Aníbal, grande líder cartaginês que, como Napoleão, invadiu a Itália atravessando os Alpes a pé. Contudo, Turner não glorifica diretamente o arrojo e o sucesso militar de Aníbal.

O tema real do quadro é a força da natureza: o exército de Aníbal está sendo castigado por uma terrível tempestade de neve. Mas de repente as nuvens se abrem, revelando o prêmio: as férteis planícies da Itália, banhadas por uma luz esplendorosa. Apesar de seu sucesso inicial, Aníbal acabou sendo derrotado pelos romanos. Muitos viram no quadro de Turner uma previsão da derrota final de Napoleão, o Aníbal Moderno.

A retaguarda do exército de Aníbal foi atacada pelos homens da tribo local dos Salassi, mostrados no canto inferior direito. As figuras eram o elemento mais fraco da pintura de Turner, deficiência compartilhada também pelo paisagista francês Claude Lorrain, a quem Turner admirava.

Esse par de guerreiros salassianos que aparece em primeiro plano, saqueando suas vítimas. Parece que um toca uma trombeta, enquanto outro tira a roupa de um soldado morto. Um grupo de homens da tribo Salassi tenta empurrar uma rocha, a fim de mandar uma avalanche de pedras sobre os soldados embaixo.

Atrás o rochedo da direita discernirmos com dificuldade uma figura emboscada, à espera. Turner suprime o detalhe em favor de um efeito dramático geral. Seu foco é emocional, não factual, apelando às emoções e à imaginação.

As montanhas também parecem uma força da tempestade, tanto quanto a nevasca, as nuvens e os imensos cones de luz que refletem suas formas. Turner tinha fascínio pelas montanhas e viajava sempre para a França, Alemanha e Suíça para desenhar os Alpes e os vales dos rios. Sua primeira visita à França e Suíça foi de julho a outubro de 1802. Ele visitou a Itália pela primeira vez em 1819.

À extrema direita o quadro é dominado por uma grande área branca – uma avalanche de neve que desaba como uma cascata sobre o exército cartaginês, seus cativos e também seus inimigos.

Turner esforçava-se para garantir que seus quadros fossem pendurados na altura certa. Ele queria que este quadro ficasse numa posição baixa, para que o espectador fosse atraído, visual e emocionalmente, para o centro do quadro.

Turner compreendia instintivamente o impacto emocional das cores, e mais tarde fez um estudo sobre elas. Aqui, sua paleta de tons escuros, em marrom, azul e verde, descreve o clima sombrio que no centro da tela dá lugar ao cálido esplendor da luz do sol.

Turner se interessava tanto pelo poder visual do sol como por sua força simbólica. Foi um dos poucos pintores que conseguiram pintar o próprio sol, e não apenas o efeito da luz solar. Aqui ele mostra o sol tentando romper as nuvens de tempestade, representando a esperança que dissipa as nuvens negras do medo e do desespero.

Aníbal Atravessando os Alpes, 1812, óleo sobre tela, 146 x 237 cm, Joseph Mallord Wlliam Turner, Tate Gallery, Londres.
pincel

Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Turner, experimente fazer uma releitura dele ou criar uma composição que transmita dramaticidade através dos efeitos da luz e das intempéries do clima, ou seja, do mal tempo e da tempestade.

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