Construindo com Taipa de Mão e de Pilão

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Construindo com Taipa de Mão e de Pilão
   

Quando os portugueses chegaram aqui, nesse lugar que hoje chamamos de Brasil, foram muitas novidades e não encontraram lugar para se abrigar, proteger-se contra animais e também do povo que vivia aqui que nós chamamos de índios.
Não encontraram material, como eles tinham na Europa, para construir as primeiras casas, foi preciso improvisar materiais e o material utilizado foi o barro, iniciado há muitos anos atrás ainda hoje é utilizado no sertão do Brasil que é a técnica de Taipa.

Mas conta a história que essa técnica já tenha sido empregado desde tempos imemoriais no Oriente, sendo do conhecimento do Império Romano. No Norte da África a técnica da taipa de pilão é utilizada muito tempo antes dos portugueses chegarem por aqui..

Incombustível e isolante térmico por natureza, a taipa foi empregue na arquitetura de fortificações por diversos povos desde a Idade Antiga, destacando-se a China, que a utilizou em extensos trechos da Muralha da China, e a cultura islâmica, inclusive em algumas fortificações na península Ibérica, em particular na região do Algarve, tendo sido os mouros os responsáveis pela sua introdução na península Ibérica.

No Brasil foi largamente utilizada no período colonial, sobretudo na região Sudeste, na região metropolitana  de São Paulo encontramos várias cidades com exemplos desse tipo de construção e na capital paulista dois grandes exemplos são o Pátio do Colégio (imagem acima) local da fundação da cidade e o Museu de Arte Sacra, entre outros.

Grande parte das igrejas e construções de dois ou mais pavimentos foram edificadas com a técnica de taipa-de-pilão. Durante o ciclo do ouro em cidades como Ouro Preto, Congonhas e Diamantina, a técnica teve seu período de excelência.

As diferenças entre os dois tipos de técnicas de Taipa:

Taipa de Mão

Também chamada de pau-a-pique, taipa de sopapo, taipa de sebe ou barro armado, é uma técnica em que as paredes tramadas de paus verticais e horizontais, equidistantes, e alternadamente dispostos. Essa trama era fixada verticalmente na estrutura do edifício e tinha seus vãos preenchidos com barro, atirado por duas pessoas simultaneamente uma de cada lado.  A trama era feita de madeira ou bambu e cipó ou outro material para amarrá-la. O barro e a água são amassados com os pés e, depois de amassados é misturado à fibra vegetal, como capim ou palha.

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Taipa de Pilão

A técnica consiste em comprimir a terra em formas de madeira no formato de uma grande caixa, onde o barro socado é disposto em camadas de aproximadamente quinze centímetros de altura. Essas camadas reduziam-se a metade após o piloamento. Quando a terra pilada atingia mais ou menos 2/3 da altura do taipal, eram introduzidas nela transversalmente pequenos paus roliços envoltos em folhas, geralmente de bananeiras, produzindo orifícios cilíndricos denominados cabodás que permitiam o ancoramento do taipal em nova posição para o formato de novas paredes.

Essa técnica é usada para formar as paredes externas e as internas, estruturais, sobrecarregadas com pavimento superior ou com madeiramento do telhado.

Forma de taipa de pilão
Forma de taipa de pilão

 

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O adobe é um paralelepípedo de barro de grandes dimensões, não cozido ao forno, feito de barro cru é secado à sombra e depois ao sol. Em sua composição entram argila e areia em pequena quantidade, além de estrume ou fibra vegetal que se misturam ara que os blocos adquiram boa consistência. É, às vezes, argamassado com barro coberto com massa de cal e areia.

Atualmente, pesquisas sobre o manejo dessas técnicas, e de outras em terra crua, como o adobe e o pau-a-pique, contribuíram para o uso atual e difusão das mesmas.

O aprimoramento do manejo e uso de equipamentos vem possibilitando construções modernas em taipa em vários países como Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia, Chile e outros.

Esse desenvolvimento tem possibilitado intervenções de conservação e restauração em construções históricas e também novas construções.

A simplicidade, o baixo custo e resistência (desde que bem isolada), faz com que a taipa seja aplicada ainda hoje em diversos tipos de edificações do Brasil, principalmente regiões de climas quentes e secos com baixos índices de pluviosidade.

As ecovilas testam e usam largamente esse tipo de material. Tradicionalmente é isolada com cal, em aplicações repetidas com regularidade, podendo ainda ser revestida com pedras.

Edifício moderno construído com taipa de pilão.
Edifício moderno construído com taipa de pilão.
Parede de taipa de pilão ornamentada
Parede de taipa de pilão ornamentada

pincel

Faça uma estrutura com palitos de sorvete amarrados com barbante fino, prepare argila bem sovada adicionando cola de PVC sem adição de água e faça uma casa de pau a pique. Deixe secar na sombra, quando estiver com a textura de couro, passe várias camadas de cola de PVC sem adição de água, deixando secar entre uma demão e outra. Quando a estrutura estiver pronta, pinte-a com tinta guache.

quadro

Como ficou? Você curtir entender e produzir uma miniatura de casa de pau a pique ou taipa de mão?
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4 comentários em “Construindo com Taipa de Mão e de Pilão”.

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  1. Olá! Pesquisando sobre técnicas de construção com barro percebi que muitos falam da necessidade de aplicar resina nas paredes externas. Isso não afeta o isolamento térmico!? O fato dessas construções serem boas na regulação térmica não é justamente pelo fato do barro seco ser bom em absorver a umidade?

    Obrigado pela atenção!

    1. Olá, Tiago, agradecemos seu comentário. Especialistas indicam que, além de outras vantagens na construção com terra, há o bom isolamento térmico e acústico do ambiente. Aqui, abordamos sobre as construções coloniais no Brasil. Abraço

    2. Na verdade, o isolamento térmico do barro não é alto. Por isso, em países frios, utiliza-se outro material no meio das paredes. O isolamento acústico é excelente sim, principalmente para paredes com mais de 50cm de espessura. Porém, o Brasil sendo um país quente, o isolamento do barro é o necessário para um conforto térmico também.

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