Quando aparece uma pintura como esta, que representa uma cena da vida parisiense em medos do século 19, nós hoje pronunciamos sem hesitação a palavra impressionismo.
Com maior propriedade, o poeta Beaudelaire, que, no quadro, é representado juntamente com muitos outros protagonistas da vida artística e mundana da metrópole (o próprio Manet, o seu irmão Eugène, o crítico Théophile Gautier e o pintor Fantin-Latour), chamava aos autores dos novos quadros “pintores da vida moderna”; e, por oposição, ridicularizava, com a palavra pompier, os acadêmicos do neoclassicismo extremo que continuavam a representar guerreiros gregos e romanos com a cabeça coberta de elmos rigorosamente semelhantes aos dos bombeiros parisienses.
Manet não se interessava pela história antiga; ficava curioso e entusiasmado com o espetáculo mundano da burguesia parisiense que se reunia à sombra das árvores do Jardim das Tulherias, no coração elegante da cidade.
Na tela não existe, portanto, nenhuma ação, nada se sucede, não há nada para contar. O pintor observa, participa e descreve, sem se importar muito com o bom desenho ou com a perspectiva correta. Descreve a vida moderna, com uma pintura moderna, sem qualquer serenidade acadêmica, comportando-se quase como um cronista que escreve para um jornal.
As personagens são representadas por meio de manchas de cor, com uma pincelada livre e rápida, que, observada a certa, consegue restituir a atmosfera do lugar, os diálogos, o roçar das vestes. O quadro muito inovador, tocou profundamente os jovens pintores, que se acervavam timidamente da pintura ao ar livre.
Manet serviu-se certamente de fotografias para representar muitas das personagens da sua tela. Mas a pintura não é fotográfica, pelo contrário, é executada por meio de toques rápidos, sumários e quase descuidados. Por isso, o quadro exposto na Galeria Martinet, em Paris, em 1863, foi muito criticado. Émile Zola defendeu-o vivamente e com impetuosidade.
Esse quadro pertence ao acervo da National Gallery em Londres.
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