Lançado esse ano, o nome desse filme é o mesmo do trabalho que virou um símbolo com Pablo Picasso. Pelas mãos do famoso pintor espanhol nascia, no fim dos anos 1930, Guernica, painel que integrou a Exposição Internacional de Paris. No Brasil, ganhou o título O Massacre em Guernica.
O longa aborda o bombardeio de aviões alemães ao País Basco durante a Guerra Civil Espanhola, no dia 26 de abril de 1937. Unindo a pintura e o longa distantes 78 anos no tempo está George Steer. O repórter britânico natural da África do Sul, cujo relato do episódio serviu de inspiração para Picasso, é também o herói da produção cinematográfica.
Durante o conflito, que durou até abril de 1939, os rebeldes nacionalistas, militares, lutaram contra os republicanos pelo controle da Espanha. A Alemanha de Hitler se envolveu na guerra, enviando aviões para bombardear Guernica, um centro dos separatistas bascos, onde se concentravam muitos republicanos. Com o fim do confronto, e a vitória dos nacionalistas, foi instaurada a ditadura do general Francisco Franco.
Steer cobriu para os jornais The Times e New York Times o horror do ataque, contando a história de destruição da cidade para os ingleses e americanos. As matérias ganharam sua versão francesa no jornal l’Humanité, que deu o estalo para o pintor espanhol criar uma obra sobre o sofrimento do seu povo. Picasso começou a trabalhar com a pintura quatro dias depois de Steer escrever: “Às 2h de hoje, quando visitei a cidade, toda ela era uma visão horrível, ardendo de ponta a ponta. O reflexo das chamas podia ser visto nas nuvens de fumaça acima das montanhas a partir de 10 milhas de distância. Durante a noite casas continuaram caindo até que as ruas se tornassem longas pilhas de destroços vermelhos impenetráveis”.
O filme foi realizado em Bilbao e nas colinas do entorno, está centrado na história de Steer, que recebeu o nome de Henry na ficção. Ele foi interpretado pelo ator britânico James D’Arcy. O inglês Jack Davenport interpretou um oficial soviético que aconselha os republicanos. A atriz espanhola María Valverde, ganhadora do prêmio Goya de melhor atriz de 2004, viveu o par de Henry.
O roteiro, tocado por três escritores, parte do encontro do jornalista com uma mulher que trabalha no gabinete de imprensa dos republicanos do Norte, cujas forças tentam barrar os nacionalistas sob o comando de Franco.
Este foi um projeto pessoal para o diretor basco Koldo Serra. Muito dos detalhes do filme é fruto de testemunhos históricos que ele começou a colecionar em 2012. Serra ouviu diretamente de sobreviventes relatos de como, depois do ataque, moradores pobres passaram a vasculhar o local em busca dos valiosos invólucros de alumínio das bombas. O diretor explicou ao jornal “The Guardian” que Henry possui os traços de George Steer, Ernest Hemingway e do fotógrafo Robert Capa, defendendo assim sua decisão de fazer de seu protagonista um americano e não um inglês.
Respostas de 2
Gostei muito do filme, com uma fotografia impecável e um realismo fora de série. Um conflito de “segundo plano”, visto que a Alemanha tomava praticamente todas as atenções da época. O que me causa enorme espanto é o fato do regime franquista ter durado até 1975 (impensável nos dias atuais, eu diria). De qualquer maneira, filmes como “O Massacre em Guernica” ajuda a mantermos a memória ativa quanto aos trágicos episódios do passado, sendo um ótimo orientador para que atos como o que afligiu a população espanhola não se repita.
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