Pesquisar
Close this search box.

Um Dom Quixote brasileiro

BOYA Microfone de lapela sem fio para iPhone, iPad, Android, USB, C, smartphone

Minilapela, microfone, grampo para gravação vídeo, podcast, transmissão ao vivo do YouTube (Lightning 1TX+1RX) Preto(MLS-BY-V1)

Dom Quixote de La Mancha é considerada a grande criação do escritor Miguel de Cervantes y Saavedra (1547-1616). Sua primeira edição publicada em Madri foi em 1605. Composto por 126 capítulos divididos em duas partes: a primeira surgida em 1605 e a outra em 1615. O livro é um dos primeiros das línguas europeias modernas e é considerado por muitos o expoente máximo da literatura espanhola.

O livro surgiu em um período de grande inovação e diversidade por parte dos escritores ficcionistas espanhóis. Parodiou os romances de cavalaria que gozaram de imensa popularidade no período e, na altura, já se encontravam em declínio.

Nesta obra, a paródia apresenta uma forma invulgar. O protagonista, já de certa idade, entrega-se à leitura desses romances, perde o juízo, acredita que tenham sido historicamente verdadeiros e decide tornar-se um cavaleiro andante. Por isso, parte pelo mundo e vive o seu próprio romance de cavalaria. Enquanto narra os feitos do Cavaleiro da Triste Figura, Cervantes satiriza os preceitos que regiam as histórias fantasiosas daqueles heróis.

O ENREDO DO LIVRO

O protagonista da obra é Dom Quixote, um pequeno fidalgo castelhano que perdeu a razão por muita leitura de romances de cavalaria e pretende imitar seus heróis preferidos. O romance narra as suas aventuras em companhia de Sancho Pança, seu fiel amigo e companheiro, que tem uma visão mais realista. A ação gira em torno das três incursões da dupla por terras da Mancha, de Aragão e da Catalunha. Nessas incursões, ele se envolve em uma série de aventuras, mas suas fantasias são sempre desmentidas pela dura realidade. O efeito é altamente humorístico. O encanto da obra nasce do descompasso entre o idealismo do protagonista e a realidade na qual ele atua. Cem anos antes, Quixote teria sido um herói a mais nas crônicas ou romances de cavalaria, mas ele havia se enganado de século. Sua loucura residia no anacronismo. Isso permitiu ao autor fazer uma sátira de sua época, usando a figura de um cavaleiro medieval em plena Idade Moderna para retratar uma Espanha que, após um século de glórias, começava a duvidar de si mesma.

DOM QUIXOTE À MODA BRASILEIRA

Entre 1955 e 1956, a pedido da Editora José Olympio, Portinari desenhou – com lápis de cor em virtude de uma intoxicação causada pela tinta a óleo – uma séria de 21 gravuras baseadas na obra Dom Quixote de La Mancha de Cervantes. A editora procurava fazer uma edição com estilo brasileiro. O projeto não se concretizou e os desenhos foram vendidos para a Fundação Castro Maya, no Rio de Janeiro, após a morte do pintor. E, 1972, Drummond recebeu de Gastão de Holanda (1919-1997), da mesma fundação, um convite para escrever um poema para cada desenho. O conjunto da obra foi publicado em 1973, no álbum D. Quixote, Cervantes, Portinari, Drummond. Após essa primeira publicação, Drummond revisou e fez alterações nos poemas e publicou em As Impurezas do Branco, com o título Quixote e Sancho, de Portinari.

Na obra de Cervantes há um contraponto entre devaneio e realidade e percebe-se em Dom Quixote atitudes diferentes do senso comum, fato identificado também nas obras de Portinari e na literatura de Drummond. Cervantes fez uma sátira bem-humorada dos romances de cavalaria e revela o desencanto com o mundo em que predomina a banalização dos valores sociais, o descrédito da identidade do indivíduo, restando para um idealista sonhar com um mundo onírico. Esse sonho surge também das imagens vivenciadas por Dom Quixote ao ler dias e noites sem fim. Tudo que lia povoou seu interior e lhe ampliou as fantasias do amor, das batalhas, dos desafios, das dores e das alegrias.

O LIVRO INSPIROU A MÚSICA

O personagem de Dom Quixote inspirou músicos como Georg Philipp Telemann (1661-1767), Richard Strauss (1864-1949), Jules Messenet (1842-1912),Maurice Ravel (1875-1810), Filippo Taglioni (1777-1871) e August Bournonville (1805-1879). Mas foi, sobretudo, na Rússia que ganhou fama, com Charles-Louis Didelot (1767-1837), Marius Petipa e Alexander Gorski (1871-1824). Petipa se valeu de suas vivências em Madri e em especial do trecho do segundo volume da novela de Cervantes: “O amor tumultuoso e picante de Kitri e do barbeiro Basílio”.

SONETO DA LOUCURA, DRUMMOND

“A minha casa pobre é rica de quimera

e, se vou sem destino a trovejar espantos,

meu nome há de rompe as mais nevoentas eras

tal qual Pentapolim, o rei dos Garamantas.

Rola em minha cabeça o tropel de batalhas

jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno.

Se da escura cozinha escapa o cheiro de alho,

o nele recolho é o olor da glória eterna.

Donzelas a salvar, há milhares na Terra

e eu parto e meu rocin, corisco, espada, grito,

o torto endireitando, herói de seda e ferro,

e não durmo, abrasado, e janto apenas nuvens,

na férvida obsessão de que enfim a bendita

Idade de Ouro e sol baixe já das alturas.”

Algumas das obras de Portinari, da série Dom Quixote:

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine nosso Feed

Digite seu endereço de e-mail para assinar este blog e receber notificações de novas publicações por e-mail.

plugins premium WordPress