O surgimento do presépio napolitano começa em 1223 quando São Francisco de Assis realiza a primeira encenação da natividade em Greccio, uma pequena cidade da Itália central. Em 1290, a igreja de Santa Maria Maior, em Roma, foi reformada e instalada ali a Capela do Presépio, que abrigava um grupo esculpido representando o nascimento de Jesus.
No mosteiro napolitano de San Giovanni, a Carbonara, em 1484, foi realizado o primeiro presépio com grandes figuras de madeira, no qual apareciam, ao lado da Natividade (nascimento de Jesus), os anjos, os pastores e os reis.
Entre 1525-1530, o humanista e poeta Jacopo Sannazaro colocou na cripta de sua igreja panteão, Santa Maria del Parto, um presépio composto de figuras da Virgem Maria, do Menino, de São José e de alguns pastores em madeira, quase em tamanho original, obra do maior escultor napolitano daquele tempo, Giovanni da Nola.
No final do século 16, a pintura começou misturar à história sacra elementos extraídos da realidade cotidiana. Pintores napolitanos transformaram pastores do evangelho em camponeses, introduzindo uma visão realística das classes sociais. As figuras do presépio, em Nápoles, continuam até hoje sendo chamadas de “pastores”.
No século 18, o rei de Nápoles, Carlos III, encorajado pelo padre Rocco, seu conselheiro, transformou a realização do presépio numa prática do próprio monarca e da aristocracia. Viu então a cidade desenvolver um refinado artesanato de fabricação de instrumentos musicais, ceramistas, entalhadores, alfaiates dedicando-se com paciência beneditina a reproduzir, em proporções minúsculas, tudo quanto pode ocorrer na vida de um povo. O rei incentivou a participação dos maiores escultores napolitanos nesse gênero, alcançando resultados muito originais e de grande qualidade.
A tradição da ilustração pitoresca dos costumes populares combinou-se com a do panorama e do diorama (quando iluminado na parte superior por luz móvel, e que produz ilusão óptica), criando a encenação do presépio napolitano na qual todos os episódios são coordenados dentro de um cenário que transforma Belém numa vila ideal da província da Itália meridional. Quase uma projeção dos valores da sociedade no plano religioso, o conjunto tornou-se uma marca da vida napolitana.