Obras do pintor Paul Gauguin inspiradas e executadas no Taiti são conhecidas mundialmente e em algumas cartas escritas pelo pintor, ele narra o porque da sua decisão.
De uma carta à esposa Mette, Paris, sem data – fevereiro de 1890
“Possa eu um dia (e talvez brevemente) refugiar-me nas florestas de uma ilha da Oceania, e lá viver de êxtase, de calma e de arte. Cercado de uma nova família, longe dessa luta europeia pelo dinheiro.
No Taiti poderei, no silêncio das belas noites tropicais, escutar a doce música murmurante dos movimentos do meu coração em harmonia amorosa com os seres misteriosos que me cercam.
Livre, enfim sem preocupações com dinheiro, poderei, cantar e morrer.”
De uma carta a J.F.Willumsen, Pont-Aven, outono de 1890
“Quanto a mim, a resolução está tomada: logo estarei indo par ao Taiti, uma pequena ilha da Oceania onde a vida material dispensa o Dinheiro.
Lá quero esquecer os males do passado e morrer ignorado, livre para pintar, sem glória perante os demais. E, se meus filhos puderem e quiserem me ver, declaro-me totalmente isolado.
Uma época terrível espera na Europa a nova geração: o reino do ouro. Tudo está podre, os homens e as artes.
Lá, pelo menos, sob um céu sem inverno, sobre uma terra de maravilhosa fertilidade, o taitiano só precisa erguer a mão para pegar o seu alimento; nunca trabalha.
Já na Europa os homens e as mulheres só o obtêm à custa de um trabalho ingente, e, enquanto eles se debatem em meios às convulsões do frio e da fome, vítimas da miséria, os taitianos, felizes habitantes dos ignotos paraísos da Oceania, da vida só conhecem as doçuras.
Para eles, viver é cantar e amar.
Quando minha vida material estiver bem organizada, poderei entregar-me lá aos grandes trabalhos da Arte, isento de invejas artísticas e sem nenhuma necessidade de tráfico vil.
Na arte, o estado de alma em que estamos: é preciso muito zelo, pois, quando se quiser fazer algo de grande e durável.”
Algumas obras do artista da sua estada no Taiti: