Artista multimídia.
Maria do Carmo Gross Nitsche, nasceu em São Paulo no ano de 1946.
Carmela Gross começa seu trabalho em um período movimentado da arte brasileira, quando estão em pauta discussões sobre as novas formas de produção artística no Brasil, a aproximação da arte com a vida e a apropriação visual de elementos da cultura de massa.
Em 1965, ingressa no curso de artes plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado – Faap.
Nas aulas, assimila os debates sobre a arte pop e as novas vanguardas.
Mobilizada por algumas dessas questões, em 1967, realiza a escultura Nuvens. As peças de madeira, pintadas de azul, são diretas e objetivas.
Concretizam imagens esquemáticas de nuvem, semelhantes às das histórias em quadrinhos, da animação e do desenho infantil.
Como a historiadora Ana Maria Belluzzo enfatiza, a artista torna palpáveis alguns desenhos banais que tratam de motivos oníricos.
Na mesma época, lida com a linguagem pop em outras intervenções.
Na obra efêmera Escada (1968), risca degraus num barranco do subúrbio de São Paulo.
Ainda realiza esculturas como Presunto (1968), A Pedra (1968) e Espuma (1969), próximas da obra de Claes Oldenburg (1929).
Em suas pinturas e guaches do começo dos anos 1970, como Montanha (1970), essa iconografia, entre a abordagem pop e o universo infantil, torna a aparecer.
Em 1972, é contratada como professora de artes plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP. O trabalho docente se torna parte importante de sua carreira.
Com Cartões Familiares (1975), seu trabalho aproxima-se das linguagens gráficas.
Nesses desenhos, risca com grafite sobre uma máscara, seguindo os princípios da serigrafia.
Dois anos mais tarde, o raciocínio gráfico é desenvolvido na série Carimbos.
O trabalho demonstra seu interesse pela arte conceitual e pelas novas mídias.
Em 1984, trabalha entre a pintura e o objeto.
A princípio, articula módulos de telas justapostas, como em Cachoeira (1985).
As pinturas se relacionam com objetos esculpidos e desenhos.
A partir de 1987, trabalha exclusivamente com objetos sobrepostos e justapostos no plano, sem nenhuma ação propriamente pictórica, como em Trem (1990) e Recortes Pretos (1995).
Em 1994, a artista utiliza esse raciocínio para atuar no espaço expositivo.
Nesse ano, realiza a instalação Buracos, onde faz várias fendas no chão e as relaciona plasticamente.
A obra acontece durante o projeto Arte Cidade: Cidade sem Janelas.
Cinco anos depois, ocupa com grandes bandagens negras o espaço da Oficina Cultural Oswald de Andrade.
Novamente, a ação artística lida com a arquitetura do espaço de exposição.
Em 2002, realiza duas instalações simultâneas feitas com lâmpadas fluorescentes.
Ambas se relacionam com o edifício das mostras coletivas e com o contexto da exposição.
Uma é apresentada no prédio do Sesc Belenzinho, durante o Arte cidade zona leste.
Outra aparece na fachada da Fundação Bienal, na 25ª Bienal Internacional de São Paulo.
Esses trabalhos dão continuidade a importante faceta da produção de Carmela Gross, as esculturas feitas com luz, iniciadas em 1995.
Comemora 50 anos de carreira, em 2017, com exposições “Arte a Mão Armada” no Museu da Cidade de São Paulo.