A Missão Artística Francesa, na qual Jean-Baptiste Debret (1768-1848) seria o pintor de história, chegou ao país com a tarefa de fundar uma Academia de Belas-Artes. Sua abertura efetiva, contudo, aconteceria apenas em 1826, atraso atribuído a inúmeros fatores.
Debret realizou trabalhos que visavam construir uma imagem para nossa incipiente monarquia, valendo-se, nesse sentido, de toda uma tradição artística francesa.
Debret foi discípulo do famoso pintor neoclássico Jacques-Louis David (1748-1825), e ao lado do mestre aprendeu a importância de uma pintura pautada nos modelos greco-romanos, bem como na ligação entre arte e política.
“Coroação de D. Pedro I” (1828) é uma das famosas aquarelas do pintor francês Jean-Baptiste Debret, que compõem o livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, considerado por alguns autores a mais rica revelação feita sobre o comportamento e o modo de ser das diversas classes sociais brasileiras da época.
Debret tentou criar uma obra histórica e mostrar aos leitores, em especial europeus, um panorama que extrapolasse a simples visão de um país exótico e interessante apenas do ponto de vista da história natural.
Aqui, a pretensão de Debret é expressar de forma documental a cena, sem ater-se a grandiosidade do acontecimento.
Os elementos são retratados de jeito rude e tosco, o corpo dos personagens, embora sejam perceptíveis, são pouco torneáveis.
À direita do quadro, encontra-se D. Pedro, com a coroa à cabeça e o cetro na mão, sentado no trono, recebendo o juramento de fidelidade prestado em nome do povo.
Ao contrário do quadro de D. João VI, D. Pedro é mostrado com uma vestimenta diferente, portando uma espécie de manto que nos remete ao poncho, traje então utilizado pelos habitantes do sul do país e de São Paulo, bordado em ouro com as insígnias brasileiras, forrado de seda amarela para evitar o calor, além da murça feita com plumas de tucano.
Desse modo, para a composição do manto, são recuperados elementos da terra brasileira: as cores verde e amarela, as plumas de uma ave brasileira, além de sua forma aproximada à do poncho, um traje pertencente aos usos e costumes do Brasil, também utilizado pelos cavaleiros brasileiros.
A espada está desembainhada, e um detalhe nos chama a atenção mais prontamente: a presença das botas de cavaleiro.
Além das botas, D. Pedro está com a coroa à cabeça, evidenciando, por um lado, a ruptura da tradição, isto é, a inovação, e, por outro, a conquista do império brasileiro pelas mãos de um português, que agora, de certa maneira, recupera a coroa de D. Sebastião em outros domínios.
Ruptura da tradição de um lado e recusa desta mesma ruptura de outro, reforçando a tradição.
Reforça, portanto, as características de D. Pedro associadas à história da ruptura entre Brasil e Portugal, isto é, através de elementos como o manto, as botas e a coroa à cabeça.
Além disso, Debret encontra em D. Pedro a grande promessa de inovação e progresso que os partidos liberais viam como saída para o Brasil.
Debret seria importante mesmo depois da Independência.
Mãos à obra! Faça uma colagem artística com a interpretação da Coroação de um personagem da monarquia mundial.
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