O artista holandês Albert Eckhout (1610-1666) veio ao Brasil, em 1637, na comitiva de Maurício de Nassau.
Tinha 27 anos e aqui viveu por quase sete anos.
Era pintor, desenhista de tipos e costumes, paisagista e naturalista de excepcional domínio do traço e das cores.
As pinturas de Eckhout têm uma particularidade importante: elas foram feitas no Brasil e por um artista que aqui viveu por alguns anos.
Até então, as imagens de índios eram de artistas que nunca tinha visto um índio e sequer colocado os pés no continente; guiavam-se pelas descrições e memória de viajantes e imprimiam em seus desenhos traços da cultura europeia renascentista.
Para alguns especialistas, as imagens de Eckhout além de obra de arte são importantes registros etnográficos.
Depois dele, somente os viajantes do século XVIII e XIX tinham como prática desenhar no local e com rigor realista tanto animais como indígenas.
Aqui vamos analisar as telas sobre os indígenas, classificados por Eckhout como Tupi e Tapuia.
Para o europeu, especialmente nos primeiros tempos da colonização, os habitantes nativos do Brasil dividiam-se nesses dois grandes grupos.
A tela Dança Tapuia, que não pertence ao conjunto de telas de casais, foi a obra de Eckhout que mais chocou o público europeu.
Mostra oito índios dançando, observados por duas índias.
As grandes dimensões da tela não eram comuns para este tipo de temática.
Além disso, a dança era reprovada pelo calvinismo e a nudez dos corpos tão fora dos padrões renascentistas fizeram com que a pintura não fosse aceita.
O cenário, mostrado nesta imagem, revela coqueiros e à direita, no alto, há também um cajueiro.
Embaixo, aos pés de duas mulheres Tapuia, a zoologia é representada pela figura de um tatu.
Possivelmente, esta obra tenha sido produzida por Albert Eckhout no seu regresso à Europa.
Considera-se que esta tela tenha sido realizada a partir de esboços e de vários estudos.
Apesar das duas mulheres parecerem ter posado, não há registros de estudos dessas figuras.
A dança trata da preparação para o confronto com o inimigo e é realizada por oito índios Tapuia.
Os índios dançam para guerrear, enquanto as duas índias não integram o círculo da dança.
Mais envolvente ainda, nesta pintura, é a concepção de movimento, que o pintor elaborou com extrema habilidade.
Há um equilíbrio/harmonia de pernas e braços que formam um encadeamento sugestionável de ação.
As lanças no alto e uma das pernas sempre flexionadas são fundamentais para a transmissão da vitalidade representativa desta cena.
Estudos sobre o grupo Tapuia indicam que jovens homens e mulheres dançariam juntos ao cair da tarde, ocorrendo, portanto, a ideia de estágios na dança.
Desse modo, a dança, como elemento cultural coletivo, foi registrada por Eckhout como atividade social de grande vigor.
Ficha técnica:
Título: Dança Tarairiu
Autor Albert Eckout
Técnica: Óleo sobre tela, s.d.
Dimensões: 168×294 cm.
Acervo:Museu Nacional da Dinamarca, Copenhague.
Agora é a sua vez!
Veja a releitura que o artista Mauricio de Souza fez da obra em questão.
Faça sua releitura usando personagens conhecidos ou de HQ.
Fotografe a sua obra e disponibilize nas nossas mídias sociais historiadasartes/talento