Desde 1857, o inglês John Ruskin publicou o primeiro estudo conhecido sobre o desenho infantil e a partir daí vieram tantos outros que mostram sempre a visão que o adulto deveria conduzir o contato da criança com o seu próprio desenho.
Estudos mais recentes tentam mudar essa concepção e indicam que não deve haver direcionamento e orientação da expressão infantil por meio do desenho.
Ao contrário deve-se promover liberdade para que a criança descubra as suas possibilidades de ação criativa e que devem ser valorizadas e estimuladas pelo adulto.
O entendimento do desenho infantil como forma de expressão, do desenvolvimento e das formas de ser, estar e ver o mundo só foi possível a partir de uma mudança na forma de ver a própria infância, sinalizada já no século 18 por Jean Jacques Rousseau que nos seus estudos concebe a criança como diferente do adulto, um ser em desenvolvimento dotado de especificidades e necessidades diferenciadas.
No final do século XIX descobrem a originalidade dos desenhos infantis e publicam as primeiras notas e observações sobre o assunto, transportam para o domínio do grafismos descoberta fundamental de Rousseau sobre a maneira própria de ver e pensar da criança.
No século XX Jean Piaget e Melanie Klein, importantes estudiosos do assunto, trouxeram fundamentos para que os olhares científicos se voltassem para as fases da infância.
“Estamos começando a desvendar o desenho infantil como formas de comunicação e avaliação, porém sabemos que as fases da infância são determinantes na formação do caráter e da personalidade de qualquer adulto.”
Para estimular, guiar e compreender a criação e a expressão infantis é necessário, antes de mais nada, conhecer e compreender a criança.
A diferença entre o potencial e a forma de desenvolvimento da criança, mostra que naturalmente que as transformações pelas quais passa sejam diferentes.
Sem deixar de lado que as transformações se sucedem de forma contínua e sempre a partir das experiências infantis e lembrando que cada criança age e reage de formas diferentes.
A criança olha, cheira, toca, se move, experimenta, sente, pensa.
Desenha, canta, sorri, chora; faz tudo usando o corpo.
O corpo é ação, é o movimento.
Seu movimenta se dá na ação, na percepção, envolvido sempre pelo sentimento.
A criança sente, reconhece e cria, mas ainda não é um criador intencional; essa criação focaliza a própria ação, o exercício, a repetição.
Ela se arrisca porque não tem medo, está aberta a todas as experiências, vive intensamente.
Com a influência dos objetos e das pessoas, ela fará sua leitura e constituirá sua compreensão do mundo.
O rabiscar se estende além do lápis, do giz e do pincel.
Na areia ela rabisca estrada com os carrinhos de brinquedo.
O rabisco não tem nenhuma finalidade estética, enquanto produto: a criança não rabisca com intenção de fazer bonito ou expressivo, mas pelo simples prazer de rabiscar.
O rabisco é, de fato, o registro de um movimento, que serve de “feedback” para a criança aprender a controlar seus movimentos.
Portanto, os rabiscos da criança não são arte abstrata.
Artigos baseados na obra Desenvolvimento da Capacidade Criadora, de Viktor Lowenfeld e W.L.Brittain.