Georges Braque um dos mais representativos pintor cubista, explica e facilita o entendimento de como um artista percorre mentalmente para criar uma obra intricada e objetiva como a desse estilo, deixando a emoção de lado.
“Em arte, o progresso não consiste na extensão, mas no conhecimento dos limites.
A limitação dos meios determina o estilo, cria nova forma e impulsiona a criação.
Os meios limitados constituem, com frequência, o encanto e a força da pintura primitiva. A extensão, pelo contrário, leva as artes à decadência.
Novos meios, novos motivos.
O motivo não é o objeto, é uma nova unidade, um lirismo que cresce totalmente a partir dos meios.
O pintor pensa em termos de forma e cor.
A meta não é a preocupação com a reconstituição de uma fato anedótico, mas a constituição de um fato pictórico.
A pintura é um método de representação.
Não devemos imitar aquilo que queremos criar.
Não se imitam as aparências: a aparência é o resultado.
Para ser imitação pura, a pintura deve esquecer a aparência.
Trabalhar copiando a natureza é improvisar.
Devemos ter cuidado com uma fórmula que serve para tudo, que serve para interpretar as outras, bem como a realidade, e que em vez de criar apenas produzirá um estilo, ou antes, uma estilização.
As artes que conseguem seu efeito pela pureza nunca foram artes boas para tudo. a escultura grega (entre outras), com sua decadência, nos ensina isso.
Os sentidos deformam, a mente forma. Trabalhe para aperfeiçoar a mente. Não há certeza senão naquilo que a mente concebe.
O pintor que desejasse fazer um círculo traçaria apenas uma curva. Sua aparência poderia satisfazê-lo, mas ele duvidaria dela. O compasso dar-lhe-ia a certeza. Os papéis colados nos meus desenhos também me dão a certeza.
O trompe l’oeil se deve a um acaso anedótico cujo êxito se deve à simplicidade dos fatos.
Os papéis colados, as madeiras de imitação – e os outros elementos semelhantes – que usei em alguns dos meus desenhos também obtêm êxito pela simplicidade dos fatos; isso fez com que fossem confundidos com a ilusão de ótica, da qual são o oposto exato. São também simples fatos, mas criados pela mente, e constituem uma das justificativas de uma nova forma no espaço.
A nobreza nasce da emoção contida.
A emoção não deve ser transmitida por um tremor excitado; não pode ser acrescentada, nem imitada. É a semente, e o trabalho é a flor.
Gosto da regra que corrige a emoção.”
Publicado originalmente em “Nord-Sud” (Paris) , Pierre Reverdy, editor, dezembro de 1917
Duas obras de Braque para entender melhor a sua reflexão.
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Interessante.