Os caminhos iniciados por Kandinsky ecoam na arte até os dias de hoje. Entender esse gênio criativo implica também compreender a sensibilidade que marca a arte desde o início do século 20.
Além de artista plástico e professor da Bauhaus, Kandinsky também atuou no campo da escrita, abrindo o caminho, através de inúmeros textos teóricos, em direção ao percurso que ele mesmo trilhou. Em essência sua arte era experimental e multissensorial. As obras desse artista propõem um mergulho no seu universo criativo de cores e sensações.
Compartilhamos o poema Primavera, escrito por Kandinsky: Sonoridades (versão em português: Anabela Mendes).
PRIMAVERA
1.
A oeste a lua nova
Diante dos cornos da lua, uma estrela.
Uma casa negra, alta e estreita.
Três janelas iluminadas.
Três janelas.
2.
No amarelo brilhante há manchas azul-pálido.
Só os meus olhos viram as manchas azul-pálido.
Elas fizeram bem aos meus olhos.
Porque é que mais ninguém vê as
manchas azul-pálido no amarelo a brilhar?
3.
Enfia os dedos na água a ferver.
Ferve os dedos.
Deixa os teus dedos a cantar de dor.
Incluímos a imagem do quadro Montanha Azul, de Kandinsky meramente para ilustrar a magnífica experiência de cores que a obra de Kandinsky nos provoca.
“A cor é um meio para exercer uma influência direta sobre a alma” Kandinsky