A Origem da Via Láctea, Tintoretto

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A Origem da Via Láctea, Tintoretto
   

Depois da morte de Ticiano, ocorrida em 1576, Tintoretto e Veronese obtiveram prestigiadas e lucrativas encomendas das Cortes principescas europeias. Esta tela fazia parte de uma série de quatro obras de tema mitológico enviada para Praga pelo imperador Rodolfo II.

O mito narrado nesta obra explica a origem da Via Láctea: Júpiter pôs o seu filho Hércules, que nascera da mortal Alemena, ao peito da sua adormecida consorte Juno, para que mame o leite que lhe assegura a imortalidade, mas uma parte dele derrama-se, no entanto, borrifando para o céu as estrelas da Via Láctea e para a terra, lírios.

A estrutura compositiva foi desequilibrada, talvez já antes de 1648, pelo corte da parte inferior da tela representando a personificação da Terra entre os lírios (conhecemos a obra original graças a dois desenhos e uma cópia antiga).

Feliz quanto à composição e à invenção do baldaquino de nuvens sobre o leito que vagueia no céu e entre as estrelas, onde a mãe dos deuses acorda, subitamente, entre almofadas e lençóis.

Elementos típicos de Tintoretto são os nus femininos sobre o leito e as figuras em voo, plasmadas audazmente em esboço, a cor ardente e a atmosfera fantástica e alegre.

Segundo o mito, é Mercúrio quem coloca o pequeno Hércules ao peito de Juno. No entanto, a personagem aqui representada não apresenta nenhum elemento que possa identificá-la com o mensageiro dos deuses. A posição volante e de esguelha é frequente nas composições de Tintoretto.

A Via Láctea nasce do leite que Hércules posto ao peito de Juno adormecida, não consegue manter dentro da boca. A presença de nus femininos em todos os quatro quadros da série, possivelmente, destinada ao quarto do imperador, testemunha a notória predileção da Corte de Praga de Rodolfo II pelos temas eróticos.

A águia que segura entre as garras o feixe de setas é o símbolo de Júpiter, pai de Hércules, enquanto os pavões são  símbolo de Juno. A rede que o menino alado mostra poderia aludir ao engano da traição amorosa de Júpiter à sua esposa.

A Origem da Via Láctea, c.1575, óleo sobre tela, 149,4 x 168 cm, Jacopo Robusti, conhecido como Tintoretto, National Gallery, Londres.

Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Tintoretto, experimente fazer uma releitura dele ou crie uma composição que narre uma cena em movimento, usando o material colorido que você mais gostar.

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