O quadro, talvez um autorretrato, é um dos raros quadros pintados no século 15 que conservaram a sua própria moldura original – autografada acima com caracteres gregos: “Als Ich Can” (“Como eu/Eyck posso”) e datada abaixo (“Jan van Eyck fez-me 1433 21 Outubro”) -, janela pela qual a luz invade em perspectiva a figura que aflora e sugere os volumes e a qualidade das superfícies.
O fundo escuro faz emergir com enorme força o rosto do protagonista: a fisionomia viva e contraída é definida por um traço rigoroso e decidido, capturando um momento de energia agressiva ao qual o olhar concentrado do observador não consegue fugir.
O volumoso turbante ocupa muito mais espaço do que o rosto: verdadeiro protagonista de beleza abstrata, pintado com lúcida geometria como uma surpreendente natureza-morta.
Com a mesma severidade com que examinava os seus modelos, Van Eyck estudou atentamente, talvez sobre um suporte, o jogo das pregas e das espirais do pano vermelho que faz de turbante, atando e retorcendo as extremidades de modo a obter os efeitos mais envolventes e pictóricos no contraste entre os rodomoinhos de sombra e luz.
A moda dos drapeados complicados e minuciosamente descritos, que frequentemente se convertem em verdadeiras exibições de habilidade, é típica do gosto nórdico e seguramente derivada da prática da escultura em madeira.
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Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Jan Van Eyck, experimente fazer uma releitura dele ou criar um retrato de alguém famoso ou um autorretrato, utilizando o material colorido que mais gostar.
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