São Jerônimo em seu Gabinete, Antonello da Messina

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São Jerônimo em seu Gabinete, Antonello da Messina
   

O interior do ambiente, construído com um fundo de perspectiva rigidamente centrado, remete para a experiência pictórica análogas de artistas flamengos ou da Itália Setentrional, como Jacopo Bellini e Mantegna.

Antonello converte a perspectiva toscana não só num elemento formal, mas também de conteúdo, efetuando uma síntese entre o conceito de espaço unitário e o microcosmo flamengo. A silenciosa poesia deste quadro reside, sobretudo, no estudo cuidadoso e complexo das luzes contrapostas, que geram uma série de claro e escuros que dão vida um ambiente aparentemente imóvel.

A animada sequência de luzes e de sombras, sem pausas ou abrandamentos, culmina na belíssima invenção da cavidade de sombra no alto, que realça o óculo da janela geminada aberta sobre o pálido azul-celeste do céu, povoado de aves voadoras que repousam nos parapeitos da janela.

São Jerônimo, monge e estudioso do século 4, autor da tradução latina da Bíblia, aparece sentado em seu gabinete de madeira, construído num ambiente gótico, do qual avista a paisagem.

A perdiz e o pavão, em primeiro plano, simbolizam a verdade (pensava-se que as perdizes reconheciam sempre a voz da sua verdadeira mãe) e a imortalidade (acreditava-se que a carne do pavão era indeteriorável).

No silêncio do seu gabinete de trabalho, o santo folheia um volume manuscrito. Sobre as prateleiras, a seu lado há uma série de extraordinárias naturezas-mortas, mas em aparente desordem: muitos livros abertos, caixas de formas diversas, vasos de cerâmica.

A arquitetura do ambiente é ao gosto gótico-tardio ibérico, como se usava na Sicília, então parte do reino de Nápoles no tempo de Antonello. O pavimento, em perspectiva rigorosa, é de ladrilhos pintados. À direita, na sombra, vê-se um leão, único companheiro do santo, e o alpendre abre-se sobre uma luminosa paisagem.

Para lá da janela com caixilhos em forma de cruz avista-se uma nítida paisagem em perspectiva: árvores, figuras num barco a remo passando no rio, uma cidade murada, suaves encostas montanhosas. A luz difunde-se para o interior, mostrando os dois barcos e invadindo a fuga perspectivista de ladrilhos no pavimento.

Esta obra encontra-se na National Gallery de Londres.

São Jerônimo da Messina, c.1475, óleo sobre madeira de tília, 45,7 x 36,2 cm, Antonello a Messina, National Gallery, Londres.
pincel

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