Neste trabalho, El Greco reproduz uma cena da vida de São Martinho. Este corta sua capa com a espada para oferecê-la a um pobre despido. O santo veste-se à maneira de um cavalheiro do Renascimento e porta armadura.
São Martim (c. 315-379) foi um soldado romano que se tornou Bispo de Tours e, finalmente, padroeiro da França. Conta a lenda que ele tera cortado seu manto ao eio para ar a um mendigo; depois sonhou com Cristo vestido com a metade do manto entregue ao pobre.
O acontecimento tem como cenário uma paisagem de fundo, que quase não se vê, detrás das patas do cavalo.
Há o alongamento das duas únicas figuras que ocupam todo o primeiro plano do quadro e, novamente, se nota a estilização de formas típicas do Maneirismo.
O cenário, que serve de espaço para a ação é uma paisagem natural muito desvaída. El Greco recorre à técnica de representação de um horizonte muito baixo, em claro contraste com a imensidade das figuras. Reforça-se deste modo a magnitude das mesmas.
Quanto à tonalidade cromática, há que se dizer que o mestre prescinde dos vermelhos ticianescos, a favor de cores claras e brilhantes.
O artista prescinde da perspectiva geométrica na hora de buscar a sensação de espaço. Desaparece o equilíbrio preciso que caracterizou a estética do classicismo. As formas e seu modelado também não obedecem a este cânone. Domina aqui uma exagerada estabilização e as cores são frias e luminosas.
Não é a primeira vez que o pintor põe em cena um acontecimento religioso carregado de certo anacronismo. Esse anacronismo manifesta-se nas vestes do santo, tratado como um cavalheiro do século 16, também na representação da paisagem de fundo que é Toledo, em vez de Tours.
Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de El Greco, experimente fazer uma releitura dele ou crie uma imagem que contenha cavaleiros, usando o material colorido que você mais gostar.
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