Os edifícios religiosos constituem a grande maioria das obras arquitetônicas que permaneceram. Quase todos eram tão simbólicos como estritamente funcionais. Os templos recriam o cosmo ou parte dele. Este cosmo é um cosmo ideal, purificado é à parte do mundo cotidiano, e a sua relação com este último é uma relação de analogia e não de representação direta.
O seu objetivo é fazer com que o habitante do templo participe simbolicamente do próprio processo de criação, ou nos ciclos cósmicos, em particular do Sol.
Este simbolismo exprime-se na localização e plano dos templos e na decoração das paredes e tetos. Tudo isto é facilmente observável nos templos do período grego-romano, que possivelmente pouco diferem em significado dos seus precursores do Império Antigo.
A estrutura é separada do mundo exterior por um espesso muro circundante de tijolo, imitando, talvez, o estado líquido do cosmo na altura da criação. Dentro deste espaço encontram-se a sala de entrada, ou pilone, decorada no exterior com cenas que representam o faraó matando inimigos. Estas cenas garantem, de modo mágico, que a desordem não deve entrar no templo.
O pilone é o maior elemento do templo. Visto em seção, encerra a área por detrás dele na sua altura. Ao mesmo tempo os seus dois maciços, com intervalo entre si, assemelham-se ao hieróglifo, um círculo na parte superior de quadrado, que significa o horizonte.
O templo era construído de modo que o Sol se levante na entrada do pilone, entrando os seus raios no santuário, que está colocado mesmo sobre o eixo, e seguindo o seu curso através do templo.
A parte mais imponente do templo principal é a sala hipóstila ou de colunas. Os capitéis das colunas representam plantas aquáticas; a sala é, simbolicamente, o pântano da criação.
As arquitraves e o teto têm relevos representando o céu, de modo que a decoração abranja todo o mundo. Em vez de pântano, o registro mais baixo pode conter portadores de oferendas, trazendo produtos da terra para alimentar o templo. Nenhum deles faz parte do esquema principal, mais abstrato, que consiste em vários registros de cenas, organizadas como um tabuleiro de xadrez, que representam o faraó, virado para dentro, para o santuário, apresentando oferendas e realizando rituais de homenagem ao deus.
O deus, que reside no templo, está virado para o exterior, sendo as divindades representadas nos relevos mais diversificadas do que as veneradas num único templo.
O santuário representa o morro da criação, relacionado com pântano da sala hipóstila e, ao atravessar em direção ao santuário, uma procissão passa pelas fases da criação.