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Um Novo Realismo – o Objeto

Caneta Ponta Pincel, Faber-Castell, Supersoft Brush, 15.0710SOFT, 10 Cores

Fernand Léger em um artigo de 1926, publicado em The Little Review (Paris) descreve o que pensa de um novo olhar na arte neste novo meio, o cinema.

“ Todos os esforços no campo do espetáculo ou do cinema devem concentrar-se em ressaltar os valores do Objeto – mesmo a expensas do motivo e de todos os outros chamados elementos fotográficos de interpretação, sejam eles quais forem.

Todo o cinema atual é romântico, literário, histórico, expressionista etc.

Vamos esquecer tudo isso e consideremos, por favor:

Um cachimbo – uma cadeira – a mão – uma máquina de escrever – um chapéu – o pé, etc, etc

Consideremos essas coisas pela contribuição que podem dar ao filme, tal como são – isoladamente – seu valor ressaltado por todos os meios conhecidos.

Incluí propositalmente nesta enumeração partes do corpo humano, a personalidade, só é muito interessante nesses fragmentos e que tais fragmentos não devem ser considerados mais importantes do que nenhum dos outros objetos relacionados.

A técnica enfatizada é a de isolar o objeto ou o fragmento de um objeto e apresenta-lo no cinema em close-ups da maior escala possível.

A ampliação enorme de um objeto, ou de um fragmento, dá-lhe personalidade que nunca teve antes e dessa maneira ele pode tornar-se veiculo de toda uma nova força lírica e plástica.

Sustento que antes da invenção do cinema ninguém conhecia as possibilidades latentes de um pé – uma mão – um chapéu.

Esses objetos era, é claro, conhecidos como uteis – eram vistos, mas nunca contemplados.

No cinema eles podem ser contemplados – podem ser descobertos; quando bem apresentados verifica-se que possuem beleza plástica e dramática.

Estamos numa época de especialização – de especialidades.

Se os objetos manufaturados são, no todo, bem realizados, notavelmente bem acabados – é porque foram feitos e verificados por especialistas.

Proponho a aplicação dessa fórmula ao cinema e o estudo das possibilidades plásticas latentes no fragmento ampliado, projetado (como um close-up) na tela de cinema, especializado, visto e estudado de todos os ângulos possíveis, tanto em movimento como imóvel……

Repito – pois toda a essência deste artigo é o vigoroso – o efeito espetacular do objeto é hoje totalmente ignorado.”

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