Década de 80 no Brasil, jovens artistas com várias tendências artísticas, mas celebrando a vida e os passos iniciantes de um novo cenário politico.
Superando um período em que a criatividade ficou restrita à censura e a expressão artística policiada e deixando de lado a escola que durante a década de 1970, traziam movimentos como a arte conceitual centravam-se majoritariamente em obras esculturais “austeras”.
Com essa vontade contida, a coordenadoria, os professores e os alunos da Escola de Artes do Parque do Lage investiram em um plano educacional renovador e que promovia novas experimentações, mas com o objetivo de transformar o ensino e a divulgação das artes plásticas no Brasil.
Esse grito de liberdade artística, teve como abrigo a escola e possibilitou também a artistas de outros estados e a própria população um local para manifestações há muito tempo contidas.
Surge o grupo Geração 80 !
Geração 80 é o nome dado a uma tendência artística na arte brasileira durante a década de 1980.
Que em termos estéticos, a principal característica da geração foi o retorno à pintura mais subjetiva.
Essa movimentação culminou com a exposição “Como vai você, Geração 80?”, realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage em 1984, em que 123 artistas do Brasil (especialmente do Rio de Janeiro e de São Paulo) expuseram suas obras.
Não tinham a intenção de lançar manifestos, determinar modelos ou posturas unívocas, mas de mostrar algumas tendências artísticas que se manifestam no momento.
” Todas as cores, todas as formas, quadrados, transparências, matéria, massa pintada, massa humana, suor, aviãozinho, geração serrote, radicais e liberais, transvanguarda, punks, panquecas, pós-modernos, neo-expressionistas ….” estava ali representadas.
Artistas cariocas eram todos oriundos da Escola Parque Lage e os paulistas, em sua maioria, formavam um grupo vindos dos cursos de artes da Fundação Armando Álvares Penteado – Faap.
As origens leva a que alguns perguntem se essa seria mesmo uma mostra representativa da nova geração, já que se trata de uma exposição “carioca com apêndice paulista”.
Porém, a exposição torna-se uma referência importante para a compreensão de algumas direções tomadas pelas artes visuais na década de 1980.
O catálogo em edição especial da revista Módulo- julho de 1984, os curadores e críticos são unânimes em apontar a marca diferencial da nova geração, mesmo com toda a diversidade mostrada.
Sandra Magger, disse: “A nova arte reflete os novos caminhos da pintura da geração 80, distante da racionalidade da arte dos anos 70 – conceitual”.
Frederico Morais fez comentário semelhante: “Diferentemente das vanguardas dos anos 60 (artísticas ou políticas), que sonhavam em colocar a imaginação no poder, que acreditavam ser a arte capaz de transformar o mundo, que se iludiam com as utopias sociais, os jovens artistas de hoje descrêem da política e do futuro (…). E, na medida em que não estão preocupados com o futuro, investem no presente, no prazer, nos materiais precários, realizam obras que não querem a eternidade dos museus nem a glória póstuma”.
O aspecto mais interessante da coletiva, é possível localizar alguns traços de originalidade na produção dos jovens artistas em atividade na década de 1980.
Trabalhos de grandes dimensões, quase sempre livres dos chassis, e o gesto pictórico espontâneo são marcas dessa produção, o que leva alguns estudiosos a falar em um novo informalismo experimentado por toda a geração. Outras tendências importantes: o uso de cores tradicionalmente incompatíveis, pesquisa e uso de novos materiais e o acabamento bruto parecem ser outros elementos que traçam a marca do informalismo.
Alguns artistas e grupos dialogam mais diretamente tanto com o neo-expressionismo – uma tendência contemporânea – quanto com tendências modernas, como o expressionismo abstrato, consequência da arte abstrata do período posterior à Segunda Guerra, em suas vertentes européia e norte-americana.
Assim como alguns artistas, entre um grupo tão grande, se beneficiam mais diretamente da produção com as novas figurações, com o pop e a transvanguarda.
As obras reunidas na mostra de 1984, deixou um lastro e que serviram para posteriormente resultados muito diversos, que se relacionaram também com a formação diferenciada desses artistas e de outros que vieram depois deles.
Da coletiva de julho de 1984 conferiu a consagração e reconhecimento alcançados por boa parte dos artistas participantes.
Alguns artistas que participaram da coletiva: Como vai você, geração 80?
Alex Vallauri (1949 – 1987), Ana Maria Tavares (1958), Beatriz Milhazes (1960), Cristina Canale (1961), Daniel Senise (1955), Ester Grinspum (1955), Frida Baranek (1961), Gonçalo Ivo (1958), Jorge Guinle (1947 – 1987), Karin Lambrecht (1957), Leda Catunda (1961), Leonilson (1957 – 1993), Luiz Zerbini (1959), Luiz Pizarro (1958), Mônica Nador (1955), Sérgio Romagnolo (1957), Nelson Felix (1954) e Elizabeth Jobim (1957) entre outros.