O pintor e gravurista francês Jean-Édouard Vuillard nasceu em 11 de novembro de 1868, em uma família simples, sua mãe era fabricante de espartilhos e seu pai capitão aposentado, passou a juventude em Cuiseaux (Saône-et-Loire), em 1878, sua família se mudou para Paris em circunstâncias modestas.
Após a morte de seu pai, em 1884, Vuillard recebeu uma bolsa para continuar a educação. No Liceu Condorcet Vuillard conheceu Ker-Xavier Roussel, Maurice Denis, o músico Pierre Hermant, o escritor Pierre Veber e Aurélien Lugné-Poe.
Seguindo o conselho de seu amigo Roussel, ele recusou a carreira militar e ingressou com Roussel no estúdio do pintor Diogène Maillart. Lá, Roussel e Vuillard receberam os rudimentos de formação artística. Em 1887, depois de três tentativas frustradas, Vuillard foi aprovado no exame de admissão para a École des Beaux-Arts. Ele manteve um diário privado 1888-1905 e depois de 1907-1940.
Em 1890, conheceu Pierre Bonnard e Paul Sérusier, se juntou aos nabis, um grupo de estudantes de arte inspirados pelo sintetismo. Dividiu um ateliê com os colegas nabis Bonnard e Maurice Denis. Chegou a formar parte da vanguarda e da liderança do grupo junto com Émile Bernard e Gauguin.
No início dos anos 1890, trabalhou para o Théâtre de l’Oeuvre de Lugné-Poe. Em 1898, visitou Veneza e Florença. No ano seguinte, fez uma viagem para Londres. Mais tarde foi para Milão, Veneza e Espanha.
Ainda na década de 1890, conheceu os irmãos Alexandre e Thadée Natanson, os fundadores da La Revue Blanche. Ilustrações dele apareceram no jornal, juntamente com Pierre Bonnard, Henri de Toulouse-Lautrec, Vallotton Félix e outros.
Em dezembro de 1890, Vuillard abordou temas que o tornaram célebre: os interiores aonde aconteciam as tarefas de casa da sua mãe, sua irmã e de algumas trabalhadoras do ateliê de espartilhos, pintou este universo como se fosse tecer uma tapeçaria, uma de suas principais fontes visuais nessa década, jogando com toda a gama de possíveis efeitos do assunto.
No entanto, também soube dar a essas representações cotidianas uma atmosfera pesada e inquietante, sem dúvida, devido a seus gostos literários e teatrais. Como um verdadeiro diretor de seus parentes, Vuillard concebe seus quadros como se fossem pequenos dramas em que a sua biografia se mistura cultura simbolista.
Em 1892, a conselho dos irmãos Natanson, Vuillard pintou painéis decorativos para o casa de Madame Desmarais. Posteriormente, cumpriu muitas outras encomendas deste tipo. Vuillard expôs pela primeira vez no Salon des Indépendants de 1901 e no Salon d’Automne, em 1903.
Vuillard frequentava as galerias de moda, em particular, Bernheim-Jeune, e o mundo brilhante e despreocupado do teatro de rua. Também frequentava a Sacha Guitry, a Yvonne Printemps, a Tristan Bernard e a Henry Bernstein. Seus amigos de sempre continuavam sendo Misia e Thadée Natanson, sobretudo Bonnard. Não obstante, tomou como seu marchante exclusivo um primo dos Bernheim, Jos Hessel, cuja esposa, Lucy, seria sua musa, sua protetora e sua amante durante 40 anos.
Ele acompanhou os Hessel a cada verão na Normandia e na Bretanha, onde pintou paisagens e cenas de interior mais sensíveis a luz e ao espaço que nas suas obras de juventude, além de se dedicar à fotografia.
A guerra de 1914-18 marcaram uma ruptura. Ele se alistou por um tempo no exército como pintor, então percebeu que sua realidade tinha se convertido em tragédia. Depois do conflito bélico, Vuillard continuava plasmando em seus quadros o “tempo de tremor”. Ele preferia retratar desconhecidos, dizia: “Eu não faço retratos, eu pinto as pessoas em sua casa”, a fórmula lacônica de Vuillard refletia bem sua ambição de artista, em grande parte alimentada por sua experiência decorativa. Em sua obra não há hierarquias, seus modelos e o contexto estão colocados no mesmo nível.
Os últimos 20 anos de sua vida marcaram a apoteose de sua carreira e ele passou a ser também decorador, como os trabalhos para o Teatro de Chaillot, em Paris, e a Sociedade de Nações, em Genebra (1938). Ele contribuiu para o retorno da objetividade do período de entre guerra, e atuava como um artista nabi de seu tempo, interrogando a tradição e observando a vida moderna com lucidez e ironia.
Faleceu, aos 71 anos, em 21 de junho de 1940 em La Baule, Loire-Atlantique na França, durante a invasão alemã, 2 anos depois do Museu de Artes Decorativas celebrou uma exposição sobre retrospectiva de sua obra.