Embora Munch estivesse sempre muito próximo dos homens de letras, pouco escreveu sobre sua arte.
Suas cartas relacionavam-se principalmente com questões pessoais e familiares, e sua reclusão, no fim da vida, manteve-o distante daqueles que poderiam ter indagado de suas ideias.
Embora fosse frequentemente recolhido a sanatórios para tratamento de enfermidades mental e alcoolismo, Munch continuou a produzir.
Sua estada em Warnemunde, na costa báltica da Alemanha, foi um período agradável e criativo, antecedendo prolongada permanência num hospital de Copenhague.
Viveu as últimas décadas de sua vida em Ekely, nas proximidades de Oslo, onde construiu um estúdio e uma casa simples.
Esta carta foi escrita quando Munch estava em Warnemunde, 1907-1908.
“ A arte é oposto da natureza.
Uma obra de arte só pode provir do interior do homem.
A arte é a forma da imagem formada dos nervos, do coração, do cérebro e do olho do homem.
A arte é a compulsão do homem para a cristalização.
A natureza é o único grande reino de que a arte se alimenta.
A natureza não é apenas o que o olho pode ver.
Ela mostra também as imagens interiores da alma – as imagens que ficam do lado de trás dos olhos.”
Esta outra carta foi escrita quando já estava em Ekely, 1929
“A obra de arte é como o cristal, ela deve ter também uma alma e o poder de brilhar.
À obra de arte não basta ter ordenado planos e linhas.
Quando se joga uma pedra no meio de um grupo de crianças, elas se põe em fuga.
Executou-se um reagrupamento, uma ação. Isso é composição.
Esse reagrupamento, apresentado por meio de cores, linhas e planos, é um motivo artístico e pictórico.
(A pintura) não precisa ser ‘literária’ – invectiva que muita gente usa em relação a pinturas que não mostram maçãs sobre uma toalha de messa ou um violino quebrado.
Uma boa pintura com dez buracos é melhor que dez pinturas sem nenhum buraco.
Uma marca de carvão na parede pode ter mais arte do que dez quadros sobre um fundo sólido e cercados por ricas molduras de ouro.
Os melhores quadros de Leonardo da Vinci estão destruídos. Mas eles não morrem.
Um pensamento engenhoso vive para sempre.”
Duas obras de Edvard Munch, representante do Expressionismo alemão, que traduzem em imagens o que o artista pensava e elaborava as suas obras.