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Giuseppe Arcimboldo

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A data do nascimento de Giuseppe Arcimboldo não é conhecida e muito pouco se sabe sobre sua infância também. No entanto, existem certas evidências da história, que sugerem que ele nasceu no ano de 1527 em Milão, na Itália. A cidade foi considerada o berço do naturalismo, um modo de expressão artística baseada na observação direta da natureza.

Aos 21 anos, ele iniciou sua carreira como desenhista de tapeçarias, pintor de vitrais e afrescos nas catedrais locais, como seu pai Biagio Arcimboldo, que também era um artista. Combinou seus trabalhos com o estudo das gravuras de Leonardo da Vinci, especialmente sua veia caricatural, cujo impacto seria evidente na sua produção posterior.

Em 1563, com 36 anos de idade, deixou a Itália para trabalhar nas cortes imperiais dos governantes Habsburgos, onde atuou sucessivamente à serviço dos imperadores Fernando I, Maximiliano II e Rodolfo II, convertendo-se em um dos pintores favoritos da corte, realizando várias decorações para o teatro imperial e retratos da família real.

Praga transformou-se no século 16, principalmente por causa de Rodolfo II, em um dos maiores centros culturais da Europa, de intensa e diversa atividade cultural e científica. Seus governantes eram vistos, além de seus domínios, como simpatizantes do exótico. Nesse contexto, as singularidades da arte de Arcimboldo encontraram solo fértil para florescer.

Arcimboldo pertence ao Maneirismo, onde a ênfase no aspecto espiritual da arte foi recorrente, como podemos ver nas obras de El Greco e Tintoretto. No entanto, estes dois artistas estiveram ligados à religiosidade católica e Arcimboldo não. Mesmo sendo Praga uma corte católica, ela tinha total independência em relação à Igreja Romana e seus monarcas eram de grande tolerância em relação a outras religiões e crenças. Ali conviviam judeus, cristãos e ocultistas.

O ocultismo foi uma referência importante para Arcimboldo, como vemos em suas paisagens antropomorfas, nas quais corpos e faces humanas são sugeridos pela representação dos relevos, das árvores, das pedras, e de outros elementos de uma paisagem, e em suas séries ligadas à natureza, por exemplo, “As Quatro Estações”, feitas para Maximiliano II. Nesta série, o artista fez referência ao gênero do retrato, preservando a opulência do retrato cortesão, mas construiu seus personagens a partir de imagens da fauna e da flora.

Quando Arcimboldo chegou na corte do imperador Maximiliano II, achou seu novo patrono muito interessado nas ciências biológicas da botânica e da zoologia. O estudo da fauna e da flora cresceu como resultado das viagens de exploração e descobertas realizadas no Novo Mundo, África e Ásia no século 16. Exploradores retornavam com plantas exóticas e animais que criaram uma explosão do interesse europeu no estudo da natureza.

Maximilian transformou sua corte num centro de estudo científico, reunindo cientistas e filósofos de toda a Europa. Seu jardim botânico e parque zoológico com elefantes, leões, tigres causaram sensação. Como pintor da corte do imperador, Arcimboldo teve acesso a essas vastas coleções raras sobre fauna e flora. Seus estudos da natureza mostraram sua habilidade e precisão como ilustrador e seu conhecimento como um naturalista, mas ele foi além da ilustração construindo rostos fantásticos da natureza que ele observou. Suas pinturas não demonstram apenas uma fusão de arte e ciência, mas também proporcionam uma enciclopédia das plantas e animais adquiridas por Maximilian.

Com a morte de Rodolfo II, Arcimboldo voltou para Milão, onde faleceu em 11 de julho de 1593.

De longe, seus retratos pareciam retratos. No entanto, frutas, legumes, raízes de árvores foram combinadas entre si para formar a anatomia humana. Embora Giuseppe Arcimboldo tenha sido famoso durante sua vida, infelizmente ele caiu na obscuridade. A diversidade de possibilidades de interpretação a partir das estranhas composições de Arcimboldo é um dos motivos que levaram, durante muito tempo, ao seu esquecimento pelos historiadores. O estudo e apreciação do trabalho de Arcimboldo não foram abordados com rigor até o início do século 20. Os surrealistas apreciaram a mistura fascinante de sátira e alegoria das obras de Arcimboldo,  e deram grande valor para o jogo visual que existem em suas composições.

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