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Jean-Auguste Dominique Ingres

Lancôme, La Vie est Belle EDP, Perfume Feminino

Jean-Auguste Dominique Ingres nasceu na cidade Montauban, sudoeste da França, no dia 29 de agosto de 1780. Seu pai era um artista menor: escultor, decorador em gesso e pintor de miniaturas. O pai de Ingres passou muitas das suas habilidades ao filho, ensinando-o a desenhar, a pintar e também a tocar violino.

Em 1791 a família mudou-se para Toulouse para que Ingres pudesse frequentar a Academia. Com idade de 14 anos, ele podia ser visto tocando violino no Teatro Municipal, sendo muito aplaudido e até pago para se apresentar.

Em agosto de 1797, com 17 anos, Ingres transferiu-se para Paris, com uma carta de recomendação de Joseph-Guillaume Rocques, um de seus professores em Toulouse.

Prêmios estudantis

Chegando em Paris, ele foi rapidamente aceito para o estúdio de Jacques-Louis David. David que nessa época já era o principal pintor da França, dominando muito bem a mistura de arte, política e patronagem estatal que existia sob uma sucessão de governos revolucionários.

Ingres parece ter ignorado a política, mas reagiu com entusiasmo ao neoclassicismo ensinado por David. Em outubro de 1799, entrou para a Escola de Belas Artes e, três meses depois, ganhou um prêmio por um estudo de figura humana na escala de três quartos. Em outubro de 1800, continuava a fazer sucesso, alcançando o segundo lugar na competição pelo Prêmio de Roma, que ele ganhou em setembro de 1801 com uma composição ao estilo de David chamada Os Embaixadores de Agamenon na Tenda de Aquiles.

O prêmio de Roma era então a mais importante consagração que um estudante podia ter. O próprio David o recebera em 1774. Além de distinguir Ingres dos acadêmicos, o Prêmio de Roma dava-lhe direito a quatro anos de estudo na conceituada Academia de França em Roma. Mas Ingres não pôde viajar logo para a Itália pois o próprio governo da França revolucionária do começo do século 19 (antes da ditadura napoleônica e ainda sob o impacto da Revolução Francesa de 1789) atrasou as burocracias e não liberou verbas. Enquanto o jovem pintor esperava, o governo francês pagou-lhe um salário para que ele se instalasse em Paris.

Hospedado no Convento dos Capuchinos, onde montou um pequeno estúdio, o premiado Ingres não teve dificuldade em receber encomendas. Pintou retratos de mulheres da aristocracia francesa. Em 1803, a cidade de Liège convidou Ingres a pintar um retrato de Napoleão, que na época era o primeiro cônsul. Em 1806 pintou Napoleão novamente, desta vez como imperador.

Todos esses quadros foram mostrados ao público no Salão, em setembro de 1806. Mas, antes da abertura da exposição, Ingres recebeu a verba para sua viagem a Roma e partiu para a Itália. Na sua ausência, os quadros foram mal exibidos e receberam um tratamento irônico por parte dos críticos. Ingres ficou profundamente abatido quando soube do ocorrido.

Amigos em Roma

Em outubro de 1806, quando chegou a Roma, Ingres foi calorosamente recebido. Roma estava sob ocupação francesa o que obrigava os colecionadores a bajular os hóspedes franceses. Ingres passou quatro anos recebendo pensão estatal e estudando e copiando os velhos mestres, especialmente Rafael. Fez duas amizades pessoais que iriam ampará-lo nos anos difíceis: o gravurista Edouard Gatteaux e o funcionário público Jean Marcotte d’Argenteuil.

Ingres continuou em Roma depois de terminada sua bolsa de estudos, pois preferia a vida de Roma à de Paris. Em 1811, mandou seu quadro Júpiter e Tétis para a Academia, mas o quadro encontrou uma fria recepção.

Os franceses em Roma olhavam-no de uma maneira mais gentil e ele ganhava a vida razoavelmente bem, pintando retratos familiares do governador e outras pessoas notáveis. Em 1813, Ingres decidiu se casar. Tinha agora 33 anos e muito sucesso. Namorou a filha de um arqueólogo dinamarquês. Como não houve acordo, aceitou um casamento arranjado com Madeleine Chapelle, uma amiga da família de Marcotte que trabalhava como modista em Montauban. Madeleine assumiu o papel de fiel companheira, dando-lhe apoio nas épocas difíceis.

Tempos lamentáveis

O desastre veio em 1814. Naquele ano, Ingres recebeu um convite para pintar a Rainha Caroline Murat em Nápoles, mas os exércitos de Napoleão foram derrotados e todo o edifício do Império ruiu. Os patrocinadores oficiais de Ingres sumiram. Sua esposa ficou doente, com um bebê à morte. Seu pai morreu em Montauban, deixando sua mãe sem recursos. Durante um tempo ela também foi para Roma, na esperança de ser sustentada pelo artista, agora sem nenhum futuro, com o nome intimamente associado ao regime bonapartista.

Com relutância, Ingres começou a ganhar a vida desenhando os turistas ingleses que iam em bandos para Roma, agora que a cidade estava aberta para eles depois dos anos de guerra. Seus quadros no Salão eram ignorados em Paris, mas ele continuava sua luta, completando seu célebre nu A Odalisca. Mas o Salão ainda reagia friamente diante de suas pinturas.

Em 1820, Ingres mudou-se para Florença, indo morar com um velho amigo que conheceu no estúdio de David, fazendo pequenos trabalhos para manter um precário sustento como pintor de retratos semi-oficiais de embaixadores e visitantes importantes.

Em 1824, seu quadro O Voto de Luís XIII foi exibido no Salão, onde O Massacre de Quios do jovem Delacroix também estava em exposição. Em meio à controvérsias que este último suscitava, Ingres, então com 44 anos, ficou surpreso ao verificar que seu quadro era um enorme sucesso. Os críticos viam em Ingres o protetor dos valores tradicionais.

Retornando depois de anos de semi-obscuridade e mesmo total fracasso na Itália, de repente ele era a fonte mais respeitada do conhecimento convencional. Carlos X condecorou-o com a Cruz da Legião de Honra e ele, foi eleito para Academia de Belas Artes. Abriu um estúdio e mais de cem alunos se amontoaram para receber seus ensinamentos. Esse sucesso lhe trouxe caras encomendas.

A primeira encomenda foi A Apoteose de Homero para um teto do Louvre, instalado em 1827. Em 1829, Ingres tornou-se professor na Escola de Belas Artes e em 1834, seu presidente anual. Nesse mesmo ano, aceitou o posto de diretor da Academia da França em Roma.

Retorno vitorioso

Em 1841, Ingres retornou a Paris, agora como mestre incontestável da arte oficial francesa. Duques entravam em fila para terem seus retratos pintados e instituições imploravam por grandes temas simbólicos. Em 1849, sua devotada esposa faleceu. Cancelou seus trabalhos e  saiu em viagem. Em 1852, aos 72 anos, Ingres se casou com Delphine Ramel, de 42 anos.

A divisão, de certo modo artificial, entre a pintura neoclássica e a romântica estava agora estabelecida e, na exposição Universal de 1855, em Paris, Ingres e Delacroix, que criticavam um ao outro, receberam salas especiais para cada um exibir seus trabalhos.

A inimizade entre os dois tinha crescido com os anos, desde o tempo em que o jovem Delacroix tinha manifestado uma admiração invejosa por Ingres, 18 anos mais experiente em 1824. Em 1857, Ingres riu por último, pois quando Delacroix, com saúde abalada, quis assegurar sua eleição para a Academia, teve que escrever uma humilhante carta a Ingres, o acadêmico mais antigo, para evitar o veto certeiro.

Com quase 80 anos, Ingres ainda tinha muita energia e seus últimos anos trouxeram muito mais obras-primas, culminado com o sensual O Banho Turco, terminado em 1863. Esse quadro confirma suspeitas levantadas por muitos dos nus anteriores de Ingres, de que ele era dado a um erotismo de voyer, o que não combinava muito com sua postura de sólido pilar da burguesia.

Ingres morreu em Paris, em 14 de janeiro de 1867, com a idade de 86 anos, e foi sepultado no Cemitério de Père Lachaise. Deixou muitos quadros e mais de 4.000 desenhos para sua cidade natal. Montauban, onde agora estão abrigados, com sua paleta, seu violino outros objetos de sua vida, no Museu Ingres.

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