Conhecida por explorar os vínculos entre arte e tecnologia, a paulistana Giselle Beiguelman apresenta duas instalações de arte no Museu da Cidade em São Paulo, “Chacina da Luz” e “Monumento Nenhum” nos espaços do Solar da Marquesa de Santos e Beco do Pinto, respectivamente.
As obras discutem a perda da memória no espaço público e a relação da cidade com seu patrimônio histórico e cultural.
Compostas por fragmentos de monumentos, as instalações reproduzem a situação das peças tal qual foram encontradas pela artista em depósitos públicos, como uma espécie de “ready made” do esquecimento.
“As duas instalações invertem o lugar da arte no campo das políticas públicas de memória.
Ao invés de ser seu objeto, a arte aqui pensa essas políticas, sugerindo um debate sobre a produção social das estéticas da memória e do esquecimento no espaço público”, declara a artista e professora da FAU – USP.
Em “Chacina da Luz “o foco da artista é o conjunto de oito esculturas que se encontravam no lago Cruz de Malta, localizado no interior do Jardim da Luz.
Implantadas, em sua maioria, no século 19, foram derrubadas e fragmentadas em 2016, em uma ação de depredação.
As obras foram recolhidas e armazenadas na Casa do Administrador do parque.
Na instalação apresentada no Solar da Marquesa de Santos, Giselle recupera a cena pós-crime.
Em “Monumento Nenhum”, por sua vez, Giselle refaz nas escadarias do Beco do Pinto as pilhas de bases, pedestais e fragmentos de monumentos que se encontram no Depósito do Departamento do Patrimônio Histórico – DPH, localizado no bairro do Canindé.
“Com alguns, ou nenhum vestígio sobre seu passado, esses enigmáticos totens desafiam-nos a perguntar: de onde vieram? por que foram desmontados? E o mais importante: o que sustentavam do ponto de vista material e simbólico?”, indaga.
O projeto das duas instalações dá continuidade a pesquisas que resultaram na intervenção Memória da Amnésia realizada pela artista no Arquivo Histórico Municipal de 2015 a 2016.
“São projetos que se fazem em diálogo e refletindo sobre as políticas públicas de memória e patrimônio.
Não são feitos apenas a partir de autorização de uso das peças e de entrada nos Depósitos, mas também a partir do intercâmbio e negociação de pontos de vista e motivações”, diz a artista.
Solar da Marquesa de Santos e Beco dos Pintos. Rua Roberto Simonsen, 136. Centro SP. Aberto de terça a domingo, das 10h às 17h. Gratuita. Até dia 01/09/19.
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