Vincent Van Gogh em carta a Émile Bernard, explica o momento que está passando a sua forma de pintar.
Arles, abril de 1888
“No momento, estou absorvido pela floração das árvores frutíferas, róseos pessegueiros, pereiras amarelo e branco.
Minha pincelada não tem qualquer sistema. Eu ataco a tela com toques irregulares do pincel, que deixo como saem.
Empastes, pontos da tela ficam descobertos, aqui e ali pedaços absolutamente inacabados, repetições, brutalidades; em suma, estou inclinado a pensar que o resultado é demasiado intranquilizante e irritante para que isso não faça a felicidade dessas pessoas que têm ideias preconcebidas fixas sobre a técnica.
Aliás, eis aqui um desenho, a entrada de um pomar provençal com suas cercas amarelas com sua proteção (contra o mistral) de ciprestes negros, seus legumes característicos de variados tons de verde: alface amarelas, cebolas, alho, alho-poró cor esmeralda.
Trabalhando diretamente no local, procuro fixar no desenho o que é essencial – mais tarde, encho os espaços delimitados pelos contornos – expressos ou não, mas de qualquer modo, sentidos – com tons que também são simplificados, no sentido de que tudo o que vai ser solo terá o mesmo tom parecido com violeta, que todo o céu terá um tom de azul, que a vegetação verde será verde azulada, ou verde amarelada, exagerando deliberadamente os amarelos e azuis nesse caso.
Em suma, meu querido camarada, nada de ilusões de ótica.”
Para ilustrar corretamente as palavras do pintor, algumas obras de Van Gogh desse período: