É sempre interessante ao apreciar uma obra de arte entender o que o seu autor pensou ao seu respeito ao planejá-la ou então, explicar para um critico o seu propósito ao fazer a sua imagem.
Henri Rousseau explica em uma carta ao crítico de arte André Dupont a sua obra “ Sonho” – 1910
“Respondo imediatamente à sua bondosa carta para explicar-lhe a razão pela qual o sofá em questão foi incluído (em seu quadro O Sonho).
A mulher adormecida no sofá sonha que é levada para a floresta, ouvindo a música do instrumento do encantador de serpentes. Isto explica o porquê do sofá no quadro…….
Agradeço-lhe pela sua bondosa apreciação; se mantive minha ingenuidade, é porque M. Gérome, que era professor na École des Beaux Arts, e M. Clément, diretor da École des Beaux Arts em Lyon, sempre me disseram para conservá-la.
Assim, no futuro, o senhor já não a achará surpreendente.
Disseram-me também que eu não pertencia a este século.
O senhor deve compreender que não posso, agora mudar a maneira que adquiri com um trabalho tão árduo e persistente.
Termino essa nota agradecendo-lhe antecipadamente pelo artigo que escreverá a meu respeito.
Aceite os meus melhores votos e um sincero e cordial aperto de mãos.”
Publicado originalmente em “Soirées de Paris” (exemplar de Rosseau) 15 de janeiro de 1914.
Sobre a mesma obra, o artista escreve de forma poética ao fazer a sua inscrição para um Salão de Artes.
Henri Rousseau, Inscrição para O Sonho, 1910
“Num lindo sonho
Yadwigha dorme suavemente
Ouve os sons de uma flauta
Tocada por simpático encantador
Enquanto a lua se reflete
Nos rios e nas árvores virentes
As serpentes esperam
Os sons alegres do instrumento.”