Essa exposição revela ao público um panorama do trabalho do pintor e escultor baiano Rubem Valentim e sua inserção na arte nacional e internacional, privilegiando a produção pictórica e escultórica do artista com obras disponibilizadas de coleções públicas, particulares e dos herdeiros do artista.
As obras do artista sintetizam em formas geométricas as simbologias místicas de matriz africana e se destacam na arte moderna construtivista e concretista brasileira.
Para apresentar sua produção foram reunidos cerca de 50 trabalhos, entre pinturas, gravuras e esculturas, que mapeiam sua trajetória artística com ênfase nos trabalhos realizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Um recorte inédito que resgata a negritude de sua arte e destaca a maturidade estética alcançada no período em que viveu nas referidas capitais.
As primeiras experiências deste que é um dos mestres do construtivismo foram abstratas, contudo, em meados da década de 1950, movido por questões ideológicas, buscou sua ancestralidade africana e encontrou na cultura popular afro-brasileira as características que nortearam seu trabalho até o final da vida, em suas pinturas, esculturas e objetos, em uma trajetória artística avessa às modas.
“O trabalho de Valentim tem a autonomia de sua fantasia e assim será lido em tempos futuros.
Sua pintura ultrapassa essa objetividade mais visível.
Ele desenvolveu sua arte a partir de signos da cultura afro ao som de atabaques que reclamavam uma erudição”, destaca o curador Marcus Lontra.
A exposição é, portanto, um momento de consagração e valorização da questão negra na obra do artista, em uma luta de resistência contra os padrões estéticos vindos de fora.
Reelaborando o pensamento construtivista, Rubem Valentim passou a empregar signos inspirando-se nas ferramentas e nos instrumentos simbólicos do candomblé, sintetizando-os nas formas geométricas.
Para o crítico italiano Giulio Carlo Argan, a arte do brasileiro correspondia a uma “recordação inconsciente de uma grande e luminosa civilização negra anterior às conquistas ocidentais.”
Em São Paulo, Rubem Valentim realizou uma escultura de concreto instalada na Praça da Sé, obra pública de marco histórico na cidade.
A escultura Emblema de São Paulo, em concreto armado aparente, com 8,5m de altura, foi definida pelo artista como “Marco Sincrético da Cultura Afro-Brasileira”.
A obra integra o conjunto de 14 esculturas instaladas na praça quando ela foi reurbanizada junto à construção da estação Sé do Metrô, inaugurada em 1978.
Caixa Cultural São Paulo. Praça da Sé, 111 – Centro, São Paulo, SP. De terça-feira a domingo, das 9h às 19h. Entrada gratuita. Até 16/12/18.
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