O pintor e poeta pernambucano Vicente do Rego Monteiro foi um artista singular, cuja instável personalidade marcou sua produção e também a relação com seus pares e com intelectuais da primeira metade do século XX.
Colheu como fruto desse perene desassossego ser lembrado e esquecido, estar presente e ausente.
A exposição “Vicente do Rego Monteiro – Nem Tabu, nem Totem”, que a Galeria Almeida e Dale apresenta ao público paulistano um recorte com os principais momentos dessa figura instigante, muitas vezes preterida, apesar de ter sido um dos precursores dos ideais da Semana de 22.
A exposição, que tem curadoria de Denise Mattar, reúne 38 obras do artista, mesclando trabalhos de diferentes períodos agrupados por analogia de linguagem, pondo em relevo a excepcionalidade do artista.
O recorte foca em sua produção plástica das décadas de 1920 a 1940, apresentando trabalhos da série “Lendas Amazônicas”, um conjunto de obras art déco, a breve influência surrealista, as naturezas mortas perspectivadas, além do seu interesse pela arte sacra.
Participante da Semana de 22, Rego Monteiro, estava muito à frente dos modernistas brasileiros.
Já no início dos anos 1920, sua temática era povoada pelas lendas indígenas e pelo sagrado.
A exposição que chega à galeria paulistana traz dessa época as aquarelas A rede do amor culpado (Bailado na Lua), Composição indígena e Sem título, que em 1921 integraram uma mostra realizada no Teatro Trianon – na época muito bem recebida pela crítica.
“Vicente do Rego Monteiro queria ser escultor, mas foi como pintor que impregnou sua obra de intensa expressão tátil. Produziu um surpreendente indianismo de vanguarda, mas nunca foi um ‘antropófago’.
Criou um caminho inteiramente original na pintura, miscigenando o art déco e a cerâmica marajoara, mas nele enveredou para uma religiosidade cristã”, destaca Denise Mattar.
A curadora explica que o verso que dá nome à mostra é parte de um soneto, Meu Poema, de autoria do próprio Rego Monteiro.
“O título da mostra exprime com precisão a desconcertante personalidade do artista, que, durante toda a sua vida, alternou longos períodos entre o Sena e o Capibaribe, entre as artes plásticas e a poesia, entre a criação e a edição”, afirma.
Endereço: R. Caconde, 152 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01425-011
Telefone: (11) 3887-7130
de 2ª a 6ª feira das 9h às 19h – Até 29 de julho de 2017
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