O quadro, entre as mais surpreendentes invenções de Zurbarán, faz parte de uma série que representa episódios da vida de São Pedro Nolasco, fundador da Ordem das Mercedes.
A série de 22 quadros, realizada para o convento das Mercedes de Sevilha, obrigou o artista a mudar-se da longínqua Extremadura para a esplêndida capital andaluza.
A cena aqui ilustrada á a da aparição de São Pedro, crucificado de cabeça para baixo, a Pedro Nolasco, que reza: as duas figuras são apenas definidas pela intensa luz que as invade e que descreve a sua presença física, suprimindo por completo qualquer referência ao espaço circundante.
Esta intensidade luminosa, da qual não se descobre a procedência e que talvez provenha milagrosamente do corpo do príncipe dos apóstolos, revela a remota origem caravaggesca da pintura de Zurbarán, especialmente, como aqui, no seu período em Sevilha.
A composição adquire também um caráter dramático, até mesmo teatral, e a matriz naturalista transforma-se na visão estática, uma espécie de sonho, de visão alucinada.
Sobre o fundo escuro privado de qualquer referência espacial, a luz modela o rosto em êxtase do santo. É uma perspicaz mistura de geometria e de fidelidade ao real: a luz, por exemplo, desenha na parte superior do rosto um ângulo reto, para além do qual a obscuridade é violentamente interrompida pela candura luminosa do hábito.
Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Francisco Zurbarán, experimente fazer uma releitura dele ou crie uma composição imaginária colocando os personagens num fundo escuro, usando o material colorido que você mais gostar.
Fotografe seu trabalho e compartilhe sua experiência conosco, nas nossas redes sociais, usando a #historiadasartestalento