Concidadão e quase contemporâneo de Murillo, Valdés Leal representa um aspecto distinto da pintura devota espanhola do século 17. O que em Murillo é agradável, amável, suave e familiar, nele é obscuro e dramático, carregado de paixão, violenta, representante de uma religiosidade mortificada.
Valdés Leal pinta com fortes contrastes de claro-escuro, detalhes realistas e concretos dos momentos importantes da fé católica, com os seus mistérios e os seus santos.
Esta tela é exemplo da sua sensibilidade: o pintor inspirou-se nos grandes e patéticos grupos escultóricos saídos em procissão nas festividades religiosas populares, sintonia com a profunda devoção espanhola.
Cristo parece caminhar para nós oprimido pelo peso daquela terrível cruz; a áspera superfície da madeira evidencia-se no quadro e os espinhos da intrincada coroa banham-lhe o rosto de sangue.
Cada detalhe induz os fiéis à comoção: a grande corda do condenado, as figuras sofridas à esquerda, a rochosa, desolada e inóspita paisagem.
As suas obras, apesar desta amargo e desesperado sentimento de piedade, não caem no efeito lacrimoso fácil e situam-se entre as mais significativas da pintura espanhola do século 17.
Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Valdés Leal, experimente fazer uma releitura dele ou criar uma composição em diagonal que retrate uma cena bíblica ou mitológica, utilizando o material colorido que mais gostar.
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