Pintor, escultor e arquiteto, Alonso Cano é uma das figuras mais polifacetadas do século 17 espanhol; a sua formação completou-se em Sevilha, no mesmo ateliê do seu contemporâneo Velázquez, que em 1637 o chamou à corte de Madri.
O artista sempre se sentiu atraído pelo nu clássico e pelo exercício do desenho anatômico de grande nitidez, indispensável também na sua atividade de escultor.
O tema do nu masculino, que reporta a Michelangelo, como neste quadro, prevalece nas suas luminosas pinturas sacras, com apolíneas figuras de um Cristo de serena beleza e delicado classicismo.
As composições de Cano, moderadas e sem excessos expressivos próprios de outros mestres e da devoção da época, mantêm-se dentro dos cânones, de um rigor formal de grande elegância e de sentimentos de contida dignidade.
Assim acontece nesta versão de um tema tratado em outras vezes, na qual as influências italianas, particularmente as venezianas, comparecem no efeito das variações de cores das pregas das vestes e nos clarões avermelhados do fundo, assim como os de Velázquez no tratamento da carnação e das asas do anjo.
O intenso contraste entre o corpo iluminado e a arte na sombra mostra uma paleta cromática brilhante, aplicada em delicadas veladuras próprias de Van Dyck, atentamente estudado por Cano nas coleções reais.
Os símbolos da crucificação de Cristo que estão no chão – a coroa de espinhos, os cravos e a esponja dentro de uma bacia metálica, cuja superfície atrai um raio de luz – constituem uma extraordinária natureza-morta.
Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Alonso Cano, experimente fazer uma releitura dele ou criar uma cena dramática, usando o material colorido que você mais gostar.
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