Edgar Degas (Paris, 19 de julho de 1834 — Paris, 27 de Setembro, 1917) possuía uma verdadeira fixação por bailarinas: “As pessoas me chamam de pintor das bailarinas”.
Das suas 2000 obras, mais da metade de seus óleos, pastéis e esculturas retratam as jovens bailarinas do corpo de ballet da Ópera de Paris.
Desde o ano de 1870 Degas pintou obsessivamente cenas de bailarinas enquanto elas estavam no palco durante uma apresentação, em seus ensaios e em seus momentos de descanso.
Foi durante uma de suas frequentes visitas à Ópera de Paris que Degas conheceu a jovem Marie van Goethem, uma estudante de ballet.
Pouco se sabe sobre a vida da jovem bailarina que aos treze anos ingressou no ballet da Ópera de Paris, filha de uma lavadeira e um alfaiate que viviam constantemente com problemas financeiros.
Era na Ópera de Paris que se localizava a escola de dança, onde jovens dançarinas eram aceitas a partir dos dez anos de idade, e onde Marie e suas irmãs estudaram.
O ballet oferecia a Degas a possibilidade de jogar e brincar com a figura humana, oferecia a oportunidade de fazer qualquer coisa.
Cada dançarina oferecia uma gama de possibilidades de experimentação do movimento: bailarinas em longas pausas, os complexos movimentos que exigiam muita flexibilidade; os pequenos movimentos sem relevância para dança, porém, a essência das bailarinas atraiam Degas. Até mesmo as cores e os tons fascinavam o artista.
Degas queria realizar uma obra que quebrasse os paradigmas da escultura até aquele momento.
O artista nunca havia feito nada parecido, era sua grande ambição.
Para isso, realizou uma série de estudos, os quais deram forma à sua pequena bailarina.
Para manter a estrutura de sua obra, ” A Pequena Bailarina de 14 anos” Degas pensou de forma simples, mas mudou de ideia e aumentou a escultura de tamanho.
O artista foi obrigado a fazer uma série de modificações estruturais que atrasaram em quase um ano a conclusão da escultura.
Uma radiografia realizada pela National Gallery of Art, Washington, Estados Unidos revelou que os braços e as mãos da bailarina são estruturados em pinceis velhos encontrados no ateliê do artista.
A ideia mais interessante do artista foi vestir sua bailarina com o tutu de verdade, enquanto suas meias e sapatilhas são esculturas e ao corpete feito de uma cera amarela.
A obra de Degas estava perfeitamente equilibrada entre o mundo real e artificial.
Até mesmo seu tamanho reitera essa ideia de dualidade de mundos, por não possuir nem o tamanho de um ser humano, nem o tamanho tradicional de uma escultura.
Degas, durante toda sua vida, viveu com sua pequena bailarina em seu estúdio.
Seu marchand sugeriu diversas vezes realizar cópias em bronze e Degas teria respondido: “Deixar algo feito em bronze é uma grande responsabilidade. É um material que dura pela eternidade.”
Depois da morte do artista, seus herdeiros concordaram em transformar suas esculturas de cera em bronze.