A exposição “Amazônia: Os Novos Viajantes” apresenta os resultados e desdobramentos de uma viagem científica e de artistas à floresta amazônica, sob coordenação da bióloga Lucia Lohmann, que assina a curadoria ao lado de Cauê Alves.
Lohman liderou uma equipe de pesquisa pela Amazônia e sempre tinha suas expedições acompanhadas por artistas, convidados a criar novos trabalhos a partir dessa experiência.
A pesquisa fez parte de um Projeto Temático com apoio da FAPESP.
Contrariando a habitual separação entre ciência e arte, artistas foram convidados a participar de uma expedição de coleta.
Essa aproximação, traz a mostra apresentação do trabalho científico ao lado de produções artísticas de diferentes períodos, desde os viajantes do século XIX até produções contemporâneas.
Para abranger os temas propostos, a exposição é dividida em três núcleos principais: Núcleo Histórico, Núcleo Científico e Núcleo de Arte.
O Núcleo Histórico traz obras originais dos primeiros viajantes que desbravaram a Amazônia nos séculos passados.
Misto de cientistas e artistas, Karl Friedrich Philipp von Martius e Alexander von Humboldt destacam-se na mostra.
Martius integrou a missão científica enviada ao Brasil em 1817 pelos governos bávaro e austríaco.
Percorreu o Brasil durante três anos, reunindo material que deu origem, entre os trabalhos, à Flora Brasiliensis – uma das obras mais importantes da botânica brasileira.
Humboldt, por sua vez, viajou pela América Latina entre 1799 e 1804 e foi responsável pela criação das bases da Geografia, Geologia, Climatologia e Oceanografia brasileiras.
O Núcleo Científico incluirá um filme sobre a expedição realizada pela equipe da bióloga e co-curadora da exposição, Lúcia Lohmann.
Achados científicos recentes, assim como o processo de pesquisa, serão expostos lado a lado com obras de arte.
Também estarão expostos equipamentos de pesquisa que poderão ser manipulados pelo público, produzindo uma aproximação com a experiência científica.
O Núcleo de Arte apresentará obras de artistas que fizeram parte da expedição científica e produziram seus trabalhos a partir dela, como a portuguesa Gabriela Albergaria e o fotógrafo Léo Ramos Chaves.
Artistas que viajaram em outras épocas para a região também estão representados, como Flavio de Carvalho, Luiz Braga e Claudia Andujar, esta com as fotografias realizadas em território Yanomami. Margaret Mee
A taxonomia de plantas artificiais de Alberto Baraya, os volumes que lembram barcos de Marcone Moreira e os troncos queimados em leito de areia vermelha, como chamas, de Fernando Limberger trazem olhares sobre a floresta.
Frans Krajcberg, expoente das questões que envolvem arte e conservação, é um dos destaques e Cildo Meireles está presente com a obra Rio Oir, com os sons das águas que correm.
Representando a fronteira entre arte e ciência, as aquarelas de Margaret Mee ressaltam o detalhamento exigido pelo estudo da botânica com cores deslumbrantes e traços do apuro artístico.
Essa exposição, ao unir arte e ciência, abre uma janela para aproximar o público da Amazônia, mostrando sua riqueza, exuberância a importância para a sobrevivência do planeta.
“Só vamos conseguir preservar nossas florestas quando entendermos o valor delas, entendermos de onde as plantas vieram e toda sua história.
A gente só preserva o que a gente conhece, gosta e valoriza”, diz Lúcia Lohmann.
Entre os objetos e trabalhos expostos, fica evidente o quanto é necessária a integração entre registros históricos, artísticos e científicos para a compreensão de um ambiente complexo como a Amazônia.
MuBE – Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia. Rua Alemanha, 221, São Paulo. Aberta de terça a domingo, das 10h às 19h. Entrada gratuita. Até 30/07/18.
Fique atento aos horários que podem ser alterados. Consulte o site oficial da instituição.