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Diários de Cheiros: Teto de Vidro

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A artista plástica Josely Carvalho, radicada em Nova York, apresenta a exposição “Diários de Cheiros: Teto de Vidro”, no Museu de Arte Contemporânea da USP, São Paulo.

Desdobramento do “Diário de Imagens”, que reúne a obra da artista desde 1970, a mostra multimídia busca regatar a memória do público por meio do olfato, em duas instalações.

A primeira, “Estilhaços”, conta com taças de vinho que têm a proposta de remeter a memórias olfativas. Foram elaborados seis “cheiros”: prazer, ilusão, persistência, vazio, ausência e afetivo, a partir de textos de seis escritores convidados.

Na segunda instalação, “Resiliência”, a artista criou cheiros chamados pimenta, lacrimae, anóxia, barricada, poeira e dama da noite, inspirados nos estilhaços de vidros das manifestações que ocorreram no Rio de Janeiro em 2013 e que ocorrem globalmente.

O odor, emitido por nanocápsulas, pode ser sentido por meio do toque.

Para Josely Carvalho, o olfato, sentido minimizado na fosforescência visual e sonora da sociedade contemporânea, tornou-se elemento central de resgate da memória individual e coletiva.

O assunto já povoava seu interesse há muito tempo e passou a habitar suas exposições-instalações, realizadas com ninhos de forma gradual.

Os ninhos, comentários visuais sobre a necessidade humana de abrigo e afeto e a insegurança proporcionada pela condição contemporânea, eram feitos com galhos de resina e formavam grandes espaços de suspensão.

Em 2009, ela apresentou a instalação Architectando: o ninho de Elias, na exposição Um Mundo de Sem Molduras, no MAC USP.

Em 2010, os galhos e ninhos ganharam cheiros no Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro e, finalmente, em 2011, em Viana, ES, tornaram-se o tema central de seu trabalho.

Na exposição Uru-ku, construída ali a partir de uma residência, garrafas de perfumes vazias eram preenchidas pelos moradores com suas próprias memórias de cheiros.

A artista criou vídeos e livros trabalhou com o próprio cheiro do urucum.

Como tudo que realiza faz parte de um diário e um diário pressupõe intimidade, pode-se deduzir que a exposição Teto de Vidro seja feita a partir das narrativas e memórias pessoais da própria artista. Mas, a primeira dessas narrativas está fechada e protegida. Seu livro olfativo está arquivado numa vitrine de vidro.

Percorrendo o espaço da exposição, deparamos com vidros feitos de copos e taças estilhaçadas incorporando ações de ruptura.

Rompimentos. Eles exalam quebras no fluxo das histórias de vida. São justamente esses pontos de quebra que ganham os atributos olfativos, sendo batizados respectivamente como Afeto, Prazer, Vazio, Ausência, Ilusão e Persistência. E há justamente o cheiro que exala das quebras. Cheiro de estilhaços. Finalmente, esculturas de vidro soprado transparente guardam em si o cheiro da resiliência.

Cheiro que o público é convidado a sentir e interpretar a partir da manipulação dos objetos, ativando seus próprios sentidos olfativos. São cheiros criados exclusivamente pela artista para buscar recompor a ideia por trás do que seria hoje a resistência. Não é à toa que parte dos vidros estilhaçados foi coletada a partir de uma manifestação política no Rio de Janeiro.

Diários de Cheiros: Teto de Vidro. Museu de Arte Contemporânea  USP – Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301 – Ibirapuera – São Paulo – SP. Aberta às terça, das 10h às 21h e de quarta a domingo, das 10h às 18h. Até 06/05/18.

Fique atento aos horários, eles podem sofrer alterações. Consulte sempre o site oficial da instituição.

 

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