A mostra, que foi exibida pela primeira vez no Metropolitan Museum of Art (The Met), apresenta um panorama da produção do fotógrafo norte-americano.
A seleção reúne mais de 230 fotografias, concebidas ao longo de quase 70 anos de carreira, além de cerca de 20 periódicos.
O conjunto evidencia a ampla variação temática de Irving Penn (1917-2009), que, além de trabalhos inovadores no campo da moda, produziu retratos, naturezas-mortas, nus femininos, peças publicitárias, entre outras obras.
Além do museu nova-iorquino, a retrospectiva passou pelo Grand Palais, em Paris, e pelo C/O Berlin.
No centro cultural paulistano, as obras ocuparão dois andares e serão divididas em 12 eixos temáticos.
Em cada seção, a curadoria destacará o processo de experimentação que permeia a produção do artista.
Ao fotografar, Penn dedicava grande atenção aos detalhes, preferindo trabalhar no estúdio, onde se sentia mais confortável para criar.
Na sala inicial, serão exibidos os primeiros trabalhos de Penn, incluindo imagens coloridas de natureza-morta feitas para a revista Vogue.
Segundo o fotógrafo, esses objetos eram “seguros e fáceis de controlar”, sendo um primeiro passo rumo à produção de retratos.
Em 1947, sob encomenda da Vogue, Penn começou a fotografar intelectuais que viviam em Nova York.
Esses retratos, presentes na segunda sala da mostra, foram feitos em um cenário pouco convencional: um canto estreito, formado entre dois tapumes.
Acuados nesse pequeno espaço, os modelos hesitavam, mas Penn os estimulava a improvisar, “sabendo que acabariam se revelando ao tentarem acomodar seus corpos, egos e expectativas à estrutura”, diz a curadora.
Nessa famosa série, o fotógrafo retratou nomes como Igor Stravinsky, Marcel Duchamp, Alfred Hitchcock e Truman Capote.
Ao longo de sua carreira, Penn também registrou pessoas comuns.
Em 1948, viajou ao Peru para realizar um ensaio de moda.
Encerrado o trabalho, permaneceu no país e começou a fotografar os habitantes de Cusco em um estúdio alugado.
São registros de mães carregando seus filhos, vendedores ambulantes, entre outros moradores da região.
As fotos de Cusco dialogam com a série Pequenos ofícios, realizada em 1950 e 1951.
Padeiros, carteiros, peixeiros e bombeiros posaram diante das lentes do fotógrafo, compondo um panorama dos trabalhadores de Paris, Londres e Nova York.
Outro destaque da retrospectiva é o conjunto de fotografias de moda.
Em 1950, Penn registrou a alta-costura parisiense em imagens simples, que dispensavam os cenários grandiosos.
“Os trajes eram apresentados com um intenso respeito por suas qualidades de corte, linha, textura, detalhe, e o mesmo respeito era dado à graciosidade e à personalidade das modelos”, afirma Philippe Garner em texto do catálogo.
Nas famosas fotos da coleção de outono de 1950, também se destaca a presença de Lisa Fonssagrives, modelo experiente e ex-bailarina, com quem Penn viria a se casar.
Para conceber a série, Penn adotou como fundo uma antiga cortina de teatro que, estendida no chão e encurvada na vertical, gerava uma ambientação neutra.
Ele gostou tanto das cortinas que passou a utilizá-las em inúmeros trabalhos, inclusive nos retratos quadrados de artistas e escritores, que realizou entre 1948 e 1962.
Mais uma marca da produção de Penn, o fundo original será exibido na mostra no IMS.
Embora amplamente inserido na indústria da moda, o fotógrafo também criou obras que questionavam os padrões de beleza.
Em sua série de nus femininos (1949-1950), ele voltou ao tema clássico da pintura, retratando o corpo como forma.
Nas imagens, que na época foram mal recebidas, prevalecem os corpos de grandes medidas, representados de forma quase abstrata.
Outro aspecto que chama atenção é a textura granular das imagens, com efeitos de distorção que se afastam de uma fotografia realista.
A mostra exibirá também a famosa série Cigarros (1972).
Impressas em platina e paládio, as fotos mostram bitucas de cigarro, coletadas das ruas e fotografadas no estúdio.
Penn retrata a sujeira da rua, que invariavelmente era banida das páginas das revistas.
Em sua busca por novas formas de representação, o fotógrafo viajou pelo mundo, produzindo uma série de retratos etnográficos.
Realizadas entre 1967 e 1971, as imagens aparecem pela primeira vez na Vogue, em cores.
Os retratos foram tirados na Papua-Nova Guiné, no Marrocos e no Benin. Durante as viagens, Penn carregava uma grande tenda, que montava para cada sessão de fotos, deslocando os habitantes de sua paisagem natural.
Entre outras obras, a retrospectiva também reunirá diversas edições da Vogue, exibidas em vitrines.
A curadoria é de Maria Morris Hambourg, curadora independente, e de Jeff L. Rosenheim, curador do departamento de fotografia do Met.
IMS Paulista. Avenida Paulista, 2424, São Paulo, SP. Aberto de terça a domingo e feriados (exceto segundas), das 10h às 20h. Quintas, até às 22h. Entrada gratuita. Até 18/11/18.
Fique atento! O horário pode ser alterado. Consulte o site oficial da instituição.