Um recorte com 750 obras de arte da maior coleção corporativa da América Latina e oitava do mundo, a do Instituto Itaú Cultural, poderá ser visto na exposição “Modos de Ver o Brasil – Itaú Cultural 30 Anos”, na Oca, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.
O recorte foi feito a partir das 15 mil obras pertencentes ao acervo iniciado em 1960, pelo fundador do Banco Itaú, Olavo Egydio Setúbal (1923-2008).
Para a curadoria – realizada em parceria com as áreas do instituto –, foi convidado Paulo Herkenhoff – que foi presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e fez a curadoria de uma das edições mais comentadas da Bienal de Arte de São Paulo, a 24ª, conhecida como a Bienal da Antropofagia, em 1998.
Ele agregou ao projeto Thais Rivitti e Leno Veras. A seleção construída por esse grupo dispõe, nos quatro andares da Oca, as obras seguindo a ideia de constelação: pela proximidade, diálogos entre artistas, temas e momentos históricos são criados, sem que haja um percurso único.
Ele ressalta que a exposição é um roteiro sobre o Brasil, e que cabe ao espectador escolher o ponto de partida. “É uma flutuação pela cultura brasileira, com aberturas interpretativas, porque o Brasil não se reduz a uma única explicação. Pensamos numa mostra que reunisse diversos núcleos simbólicos sobre o País”, disse o curador.
Os dez mil metros quadrados da Oca estão sendo ocupados por obras em diversas técnicas e suportes, como pinturas, gravuras, esculturas, objetos, vídeos, instalações, colagens, pertencentes a diversos movimentos e contextos artísticos e históricos (vão do século 17 ao 21), assim como etnias.
Os quatro pavimentos (do subsolo ao segundo andar) da Oca estão tomados por arte indígena, colonial, afro-brasileira, barroca, moderna e contemporânea. O Brasil do ponto de vista do Império, não foi contemplado.
Modos de Ver o Brasil traz uma representação da história feita pelo povo e representado em seus diversos grupos sociais. “É uma história de vencedores e vencidos”, resume Herkenhoff.
A mostra também é uma viagem pela história da arte, com a reunião de diversos nomes importantes da história da arte brasileira, como Benedicto Calixto (com as pinturas “Itapema, 1889”; e “Porto de Santos”, de 1890); Aleijadinho, Portinari, Tomie Ohtake, Hélio Oiticica, Mira Schendel, Beatriz Milhazes, Maria Martins, Claudia Andujar, Carmela Gross, Leonilson, Geraldo de Barros, Shirley Paes Leme.
A expografia – criada pela equipe de Álvaro Razuk – acompanha essa orientação e dispõe as obras em um modelo radial, que dá uma visão de conjunto de cada andar e só sugere caminhos e seções, sem delimitar o acesso.
Além disso, a exposição também ressalta os esforços do instituto em incentivar a criação, a manutenção da memória e o pensamento crítico em cultura. Publicações impressas e produtos audiovisuais produzidos pela nossa equipe estarão disponíveis no espaço.
Esta é uma ação promovida pelo Itaú Cultural, a fim de fazer a manutenção e melhoria da estrutura da Oca, que, segundo Saron e Herkenhoff, também é uma obra de arte e foi projetada por Oscar Niemeyer.
“Queremos deixar algo de perene aos locais que ocupamos. Na Oca, estamos fazendo a impermeabilização e a pintura e melhorando o sistema de alarmes”, contou Saron.
A montagem da exposição também traz a preocupação da curadoria e do Instituto com a acessibilidade. Por isso, haverá tradução em libras, textos em áudio e instalação de piso tátil.
Modos de Ver o Brasil – Itaú Cultural 30 Anos. Prédio da Oca. Avenida Pedro Álvares Cabral, 50, Portão 3 do Parque Ibirapuera, em São Paulo. Aberto de terça a domingo, das 9h às 18h. Entrada gratuita. Até 13/08/17.
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