Um dos quadros mais populares de Turner, desde o dia de sua exposição, tanto por seus sentimentos patrióticos como por seu fulgurante esplendor. A tela mostra o navio de guerra Téméraire, sendo rebocado pelo Tâmisa para um estaleiro de desmontagem. O navio a toda vela navegando ao fundo relembra os dias glória do próprio Téméraire, enquanto que a boia escura que emerge em primeiro plano sugere a finalidade desta última e melancólica jornada.
Num entardecer do verão de 1838, Turner estava a bordo de um paquete a vapor, que se movia ruidosamente ao longo do Tâmisa, entre Margate e Londres, quando avistou o navio de guerra Téméraire – que combatera na Batalha de Trafalgar -, sendo rebocado rio acima em meio a um fulgurante pôr-do-sol.
Rapidamente rabiscou uma série de pequenos esboços sobre alguns cartões: no ano seguinte, o quadro O Combatente Téméraire seria exibido na Academia Real, recebendo calorosa aclamação.
Sob o pseudônimo de Michael Angelo Titmarsh, o novelista William Trackeray incentivou esse entusiasmo de público e de crítica ao comparar o efeito causado pela tela com uma execução do hino britânico.
O Téméraire, um veterano de 98 canhões, teve sua mais notável atuação na Batalha de Trafalgar, a 21 de outubro de 1805, ao vingar a morte do almirante Nelson. O Victory, sob seu comando, capitaneava a frota inglesa que enfrentou a esquadra franco-espanhola perto do cabo Trafalgar, ao sul de Cádiz. Do Redoutable, um atirador disparou contra Nelson, que tombou morto. O Téméraire que vinha atrás do Victory, revidou imediatamente, destruindo o navio francês.
No dia 6 de setembro de 1838, o Téméraire foi remastreado em Sheerness, onde servira para estocar alimentos, e levado pela Tâmisa até o estaleiro Beatson. Ali foi desmontado para que se aproveitassem o carvalho de seu casco e o cobre de seus acessórios.
Todo branco e amarelo, o Téméraire assume uma fantasmagórica majestade; em contrapartida, os tons escuros do rebocador, expelindo fogo e fuligem o fazem maligno, quase demoníaco. Nessa escolha de cores também se configura o declínio dos velhos navios a vela, diante da nova era do vapor.
As cores, aqui, intensificam o impacto emocional. Este pôr-do-sol não significa apenas o fim de uma era: mesclado de sangue é a morte por sacrifício.
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Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Turner, experimente fazer uma releitura dele ou criar uma composição marítima que transmita dramaticidade através dos efeitos da luz e dos seus reflexos na água, usando o material colorido que mais gostar.
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