O Triunfo de Baco, Velázquez

O Triunfo de Baco, Velázquez
   

Velázquez aborda o tema mitológico de forma direta, simples, quase rude, completamente distinta da referência clássica dos artistas contemporâneos: representa o mito numa perspectiva cotidiana, como uma reunião de humildes camponeses prestando homenagem a um rapaz que interpreta distraidamente o papel de deus do vinho.

O quadro assinala o início da maturidade artística do pintor coincidindo com a sua partida para a Itália e, em paralelo, com a visita de Rubens a Madri em 1628.

A amizade que se constrói na corte ente o jovem Velázquez e o mestre flamengo alimentou-se com a paixão comum pela pintura italiana, especialmente por Ticiano, admirado nas coleções reais, e fomentou o desejo do espanhol em realizar a inevitável viagem à Itália.

A despeito das presenças divinas e literárias, o tom realista, o prazer de participar de forma direta nos acontecimentos do presente e a extraordinária credibilidade dos camponeses em torno de Baco são patrimônio do mundo de Velázquez.

Os alegres bêbados podem lembrar certos êxitos internacionais de Caravaggio e, no que diz respeito ao tema, a pintura de gênero flamengo-holandesa: em Velázquez, no entanto, nunca aparece esse ar de indiferença e por vezes quase escárnio que aflora em outros pintores da época; pelo contrário, no sorriso destes desgraçados o artista mostra um sentimento de profundo respeito e grande dignidade por todos os seres humanos, sejam eles reis ou bobos, príncipes ou camponeses.

O rosto sorridente dos bêbados recorda os dos contemporâneos do espanhol Ribera. O riso do bêbado, quase ao centro do quadro, que nos olha transforma a solenidade do rito num divertimento entre pícaros e fornece uma possível chave de leitura para a encenação: a paródia de um episódio mitológico, certamente com propósitos satíricos relativa a algumas obras literárias, ou a evocação de alguma festa.

Mais do que um autêntico Baco, a personagem sentada sobre um tonel parece um jovem nu que interpreta o papel da divindade, como se tratasse de uma farsa: coroa o devoto sem prestar atenção à cerimônia e usa a grinalda de folhas de parra, símbolo do deus do vinho, sem grande convicção e decoro. É evidente a referência aos modelos das telas juvenis de Caravaggio.

Colocada aos pés de Baco, uma excepcional natureza-morta, quase como uma oferenda que lhe tivesse sido feita. Um jarro de terracota e uma garrafa de vidro da qual só se vê o fundo, apenas protegidos por um pano, evidenciam as mais sutis gradações de luz e o jogo de reflexos sobre a superfície polida que faz ressaltar os volumes.

Além do título, O Triunfo de Baco, esse quadro também é conhecido como Os Bêbados, pertence ao período barroco e está em exposição no Museu do Prado.

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O Triunfo de Baco, 1628-29, óleo sobre tela, 165 cm x 225 cm, Diego Velázquez, Museu do Prado, Madri.

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